"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O QUE VAI ACONTECER?



O vice presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o australiano John Coates, entrou em pânico e, nesta terça-feira, durante um fórum olímpico em Sydnei, afirmou que os preparativos para os jogos de 2016 no Rio de Janeiro são os piores já vistos, desbancando os de Atenas, até agora detentora do triste título. 

Adiantou que, em não havendo plano B, o COI resolveu entrar em ação, o que corresponde a uma declaração velada de intervenção no processo. 

Há cerca de 5 anos o país assistia, ao vivo, à explosão festiva ocorrida após a eleição do Rio para sediar o evento e, quem viu, não consegue esquecer as cenas de euforia protagonizadas pelo então presidente Lula, pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, com coadjuvantes de peso como Pelé, Marin e Nuzman. 

A cidade vinha de receber, dois anos antes, em 2007, os jogos pan-americanos, uma espécie de miniatura das olimpíadas, assim mesmo suficientes para explicitar o tamanho da dificuldade que é organizar um acontecimento com alto nível de exigência internacional. 

A interrupção, até os dias de hoje, das atividades do estádio do Engenhão, por problemas estruturais e  o afundamento e consequente desvalorização das edificações destinadas a, à época, hospedar os atletas, constituem ilustrações dramáticas do esforço que tem que despender um país pobre, sem os recursos típicos de primeiro mundo, como o nosso, ao engajar-se  num mega projeto cuja preparação acarreta, por exemplo, um verdeiro remanejamento da própria infraestrutura de mobilidade da cidade. 

Mesmo diante da alegria demonstrada pelos representantes brasileiros no momento da escolha, qualquer cidadão razoavelmente bem informado sentiu um frio na espinha diante do desafio e alimentou sérias dúvidas a respeito da ocorrência de um desfecho bem sucedido para essa história de início feliz mas de final hoje imprevisível. 

É claro que a manifestação do Sr Coates vai originar respostas inflamadas por parte das autoridades oficiais ligadas ao evento mas o fato é que a reação, até certo ponto brusca, do órgão internacional é de pavor diante da verdadeira cara do país e de sua irresponsável e bravateira classe dirigente de então, a mesma, aliás, que ainda pulula pelos palácios Brasil afora . 

O que vai acontecer daqui por diante? Sem respostas, no momento, como enfatizou o próprio cartola olímpico. 

Quanto a nós, sociedade, só resta assistir a todo o temível desenrolar futuro e torcer para que o constrangimento e o estrago  que certamente advirão sejam os menores possíveis e que o prestígio internacional do Brasil não fique tão poluído como as águas da Baía de Guanabara, parte integrante dos jogos de 2016, que teimam em resistir aos inúmeros projetos de despoluição que vêm sendo prometidos ao longo das última décadas por governos consecutivos. 

30 de abril de 2014
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário