"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 23 de março de 2014

PETISTAS REVELAM DESCONFORTO E AINDA BUSCAM DISCURSO DE DEFESA SOBRE ESCÂNDALOS DA REFINARIA

 


 
Pegos de surpresa com o posicionamento da presidente Dilma Rousseff (PT) no caso da compra da refinaria de Pasadena, integrantes da cúpula do PT ainda buscam um discurso de defesa da petista e do governo. Apesar da tentativa de alinhamento, alguns petistas não escondem o desconforto com a situação e em privado chegam até a considerar que a presidente atuou de forma “inábil” e que o tema deveria se restringir à Petrobrás.

O Estado revelou na última quarta-feira que a presidente Dilma justificou em nota oficial que só aprovou a compra de 50% da refinaria americana porque recebeu “informações incompletas” e uma “documentação falha”. Se tivesse todos os dados, disse a petista na nota, “seguramente” a compra da refinaria não seria aprovada.

A polêmica foi alvo de discussão na reunião do Diretório Nacional do PT realizada na quinta-feira, 20, em Brasília.  A tendência era fazer apenas uma defesa da Petrobrás e nem citar a participação de Dilma Rousseff no episódio.

“O partido não vai fazer o jogo do PSDB, que quer colocar a presidente Dilma no centro do palco. O PT não vai entrar nesse jogo. O povo brasileiro quer discutir política no sentido mais amplo da palavra. Eles insistem no mesmo erro de 2006 e 2010, que é acreditar que essa via denuncista faz o partido (PSDB) crescer”, afirmou o ex-presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP).

O petista também comentou sobre o silêncio da cúpula do partido no caso específico de Pasadena. “O partido não tem obrigação de produzir imediatamente nenhum tipo de avaliação sobre isso. Eu, da minha parte, pessoalmente, só gosto de emitir opinião depois que tomo conhecimento dos detalhes”.

DESCOMPASSO

Em caráter privado, outro integrante da cúpula do PT revela, porém, o descompasso gerado internamente com a falta de um posicionamento de Dilma. “Agora há pouco recebi duas mensagens perguntando o que era para falar sobre isso. Disse que não sabia. Tem que ver a linha do Planalto. Ela (Dilma) falou e ficou quieta. Tá todo mundo esperando ela”, criticou o petista.

Após o encontro de quinta do Diretório Nacional, Rui Falcão também evitou dar qualquer declaração sobre o episódio. Embora a estratégia seja a de evitar trazer Dilma para o centro do debate, alguns petistas não escondem o mal-estar gerado.

“Não estou dizendo que é uma situação agradável. Não é. Mas é uma disputa política e dentro disso vamos tratar a situação como tal. Não podemos sair dessa realidade. Se houve uma inabilidade, o governo tem que saber se posicionar”, afirmou o deputado federal José Mentor (SP), que participou de parte do encontro do Diretório Nacional.

A falta de uma iniciativa por parte do Planalto para estancar a crise também vem tirando o sono de alguns setores do partido. “Estamos preocupados com esse conjunto da obra, esse comportamento dela e do Palácio. Inabilidade total”, disse outro petista que não quis se identificar.

23 de março de 2014
Erich Decat e Ricardo Della Coletta
Agência Estado

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