Momento da entrevista de María Corina Machado concedida à imprensa que NÃO teve direito de participar da sessão da OEA. Créditos: Ione Molinari CNÑ |
Hoje os membros do Conselho Permanente da OEA se reuniram na Sessão Ordinária para tratar de alguns assuntos e se imaginava que o tema principal seria a grave situação da Venezuela. Pensando nisso, o representante do Panamá, Arturo Vallarino, ofereceu à María Corina Machado um assento em tal reunião, para que ela pudesse expor os fatos gravíssimos que estão sendo ocultados do mundo. Assisti todo o preâmbulo através da CNN en Espanhol, inclusive gravei. Entretanto, como das vezes anteriores gastou-se muito tempo para decidir se a sessão seria “privada” (a portas fechadas) ou “pública”, onde teriam acesso a imprensa e pessoas convidadas.
O representante da Nicarágua pediu que fosse “privada” e depois de muitas discussões tolas chegou-se à votação, não sem antes a representante da Venezuela alfinetar o Panamá. O resultado foi 22 contra 11, pela sessão “privada”, com abstenção de Barbados. O Brasil votou com o coleguinha da Nicarágua, assim como os outros coleguinhas do Foro de São Paulo, mas o representante, que desconheço a identidade nem revelaram o nome, pediu para “justificar” seu voto no final. Os países que pediram a sessão aberta, foram: Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Canadá.
No meu programa “Observatório Latino” da “Radio Vox” de hoje, reproduzo envergonhada a desrespeitosa desculpa que o brasileiro deu para desejar que o mundo não conhecesse o que a valente María Corina tinha a apresentar. Era necessário abafar os crimes que Maduro está cometendo na Venezuela há mais de um mês, com um saldo de 32 mortos e 1.736 detenções arbitrárias e fraudulentas, além de esconder, como covardes, a conivência com o crime e a barbárie desses países que se dizem democráticos. María Corina não pôde falar nem apresentar o vídeo que preparou especialmente para esse fim, mas concedeu uma entrevista coletiva na sala de imprensa do organismo, que reproduzo em três partes. Com a serenidade, objetividade e elegância de sempre, ela disse dentre outras coisas:
“Se equivoca o regime cubano se acredita que com esta repressão vai nos fazer calar, claudicar”. “Não sei qual vai ser meu destino quando voltar à Venezuela, mas sei sim qual vai ser a minha tarefa”. “Não estamos pedindo um favor à OEA, estamos pedindo que cumpram com o seu dever: 1. Aplicação da Carta da OEA. 2. Resolução de condenação da OEA à repressão. 3. Envio de uma missão da OEA à Venezuela integrada por democratas de trajetória.
“Ao tratar de impedir que se ouça a voz do povo venezuelano se produz uma confissão do governo sobre sua responsabilidade e seu medo. Têm medo de que se conheça a magnitude da repressão que há nas ruas da Venezuela. Hoje o mundo reconhece o regime de Maduro como o que é: uma DITADURA! Na Venezuela há uma ditadura. Não me deixaram falar mas vou acabar falando hoje, amanhã ou quando possa no Conselho Permanente (CP) para denunciar a violência. Jamais esqueceremos o que foi este gesto valente, firme e solidário do Panamá com o povo da Venezuela”.
O ex-embaixador do Panamá na OEA, Guillermo Cochez, publicou em sua conta do Twitter: “A Carta Democrática da OEA está se convertendo no papel higiênico que tanto faz falta na Venezuela”, e o embaixador Vallarino arrematou: “Vamos pedir que fique constante na ata de @MariaCorinaYA no último ponto da sessão da CP hoje @CNNDirectoUSA @CNNEE.
Foram com ela a mãe de Geraldine Moreno, a estudante que foi assassinada com vários disparos de “perdigones” no rosto, senhora Rosa Orozco, o dirigente estudantil da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), Carlos Vargas, e o dirigente sindical petroleiro Iván Freites. Nenhuma dessas pessoas pôde falar na sala de imprensa, pois a vigilância da OEA disse que eles “não obtiveram autorização” para isso. No final desta edição vocês podem ver o tratamento que foi dado a dona Rosa e Carlos, como se fossem marginais. Tudo combinado para que o mundo não saiba o que está ocorrendo na Venezuela.
Bem, fiquem com os vídeos da entrevista de María Corina Machado, do estudante Carlos e dona Rosa, e tirem suas conclusões. Fiquem com Deus e até a próxima!
23 de março de 2014
Comentários e traduções: G. Salgueiro
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