"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

VEM CONFUSÃO NO COMBATE AO CRACK

Futuro ministro da Saúde é adversário ferrenho das comunidades terapêuticas, apoiadas por Dilma


O famoso plano da presidente Dilma de combate ao crack nunca saiu do papel. E as coisas vão piorar um pouco. Podem apostar. Arthur Chioro, futuro ministro da Saúde, é um conhecido militante, digamos, “antimanicomial” e adversário ferrenho das comunidades terapêuticas, que a própria Dilma chegou a considerar aliadas preferenciais no combate ao crack.
 
A militância antimanicomial, como se sabe, resultou, entre outros desastres, na quase ausência de leitos psiquiátricos no Brasil — que tem 0,15 leito por mil habitantes. Os ricos têm onde internar seus dependentes e seus doentes mentais. Os pobres que se danem.
 
No vídeo que segue, aos 2min49s, Chioro não só diz que não adotará as comunidades terapêuticas como se orgulha de ter fechado algumas. Ele gosta de uma coisa chamada “República Terapêutica”.
 
 
Aos 6min38s, ele anuncia o seu “compromisso com a reforma psiquiátrica”, emendando o discurso bem arranjadinho da militância antimanicomial:
 
“Acreditando, antes de tudo, que a liberdade é terapêutica, é possível construir uma rede que prescinda das comunidades terapêuticas, prescinda dos hospitais psiquiátricos, do manicômio, e possa cuidar em liberdade, cuidar com dignidade, cuidar respeitando os direitos humanos, cuidar trazendo o problema do álcool e das drogas como um problema da comunidade, e não um problema que se resolve com exclusão, com repressão e sem perspectiva de vida”.
Foi assim, com esse raciocínio, que tem muita ideologia e pouca técnica, que os pobres ficaram sem ter onde colocar seus doentes e seus viciados.
 
O que disse Dilma

Esse é o ministro que Dilma nomeou por ordem de Lula e vontade de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo. Agora vamos ver o que disse a própria presidente ao lançar o seu programa anticrack. Ela se refere às comunidades terapêuticas a partir dos 11min40s.
 
 
Transcrevo:

“Ao mesmo tempo, nós temos de reconhecer que, ao longo dos tempos, as comunidades, as chamadas comunidades terapêuticas, as outras instituições da sociedade, o chamado terceiro setor investiu dedicação, carinho, generosidade, tentativa e erro nesse processo de acolhimento. Acredito que nós vamos ter de tratar de forma diferenciada os diferentes processos de acolhimento. E isso é muito importante.”
Neste outro vídeo, Dilma recebe os representantes das comunidades terapêuticas:
 
 
Encerro

Vem coisa por aí. O tom de Chioro é o de alguém treinado no proselitismo político. A política de combate ao crack da presidente Dilma encontra, na verdade, a sua mais completa tradução na Cracolândia, que apelidei de Haddadolândia. E isso tendo um ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que não é um militante contrário às comunidades. Chioro é. Dá para imaginar para onde caminha a coisa.
Seguindo apenas a lógica, o que se pode antever é a multiplicação, Brasil afora, das “haddadolândias”…
 
31 de janeiro de 2014
Reinaldo Azevedo

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