"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PANCADA DE AMOR NÃO DÓI ( I )

Quem vos viu e quem vos vê! Ontem, inimigos figadais, um pronto a saltar na jugular do outro. Hoje, amigos cordiais, trovando maviosamente. Era rusga de namorados.

O Desespero de Olavo

por Rodrigo Constantino

Bateu desespero em Olavo de Carvalho. Depois que eu provei que ele mentiu – ou criticou meu artigo sem nem ter lido, restou ao "filósofo" um ataque desesperado, uma ameaça de uso do Estado como coerção. Tirando os milhões na conta, não resta mais diferença entre Olavo e Bispo Macedo, cuja Igreja Universal tenta apelar para os mesmos artifícios para calar a crítica da mídia. Onde já se viu um filósofo ameaçar usar a lei para impedir que os outros critiquem suas crenças religiosas? Eis o que Olavo escreveu:

"O artigo 208 do Código Penal pune com detenção e multa os atos de 'escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa' e 'vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso'. Os srs. Rodrigo Constantino, Janer Cristaldo e Anselmo Heydrich já cometeram esse crime tantas vezes, que o simples fato de eu me contentar em xingar esses bandidinhos, em vez de denunciá-los à polícia, deveria ser considerado um exagero de caridade. Com bandido não se discute. Lugar de criminoso é na cadeia. Admito, porém, que não é a caridade, e sim a mera distância geográfica, que me impede de tomar contra os referidos as providências judiciais cabíveis."

Fico constrangido e ao mesmo tempo com muita pena do "filósofo". Ele deve estar mesmo em pânico para ter de apelar desse jeito. Logo ele, que xinga tudo e todos, que não respeita a crença de ninguém. Mas fica a pergunta: os não-crentes podem processar os crentes quando estes chamam de idiotas todos os ateus? Quando um crente jura que o ateu vai passar a eternidade no inferno, ele pode ser processado por danos morais? Se Olavo "vilipendiar publicamente objeto de culto religioso" de uma seita diferente, como a cientologia, ele vai se entregar à polícia? Olavo quer me colocar na cadeia por questionar a sua crença religiosa. Para ele, sou um bandido, um criminoso, pois questiono suas crenças. Como eu disse, o sonho dele era viver na Idade Média, e me mandar para a roda ou fogueira. Ainda bem que tivemos o Iluminismo para colocar uma focinheira em tipos como este. Conservadores fanáticos não odeiam o Estado coisa alguma, nem querem reduzir seu poder. Querem apenas se apossar dele, e ai de quem divergir de suas crenças! A dúvida é: será que Olavo vai respeitar a lei quando ela condenar a homofobia?

Parece que Olavo ficou muito irritado de ser chamado de astrólogo também. Vejamos:

"Quanto à insistência obsessiva desses canalhas em me chamar de 'astrólogo', com a ênfase que a palavra tem quando associada a tipos como Walter Mercado, é fácil notar que nenhum dos três jamais examinou criticamente e nem mesmo citou de passagem qualquer escrito meu sobre a questão da astrologia. [...] O intuito deliberado de falsificar para melhor difamar não poderia ser mais evidente, e a eventual desculpa de que foi ofensa proferida impensadamente no calor da discussão já está impugnada antecipadamente pelo número de vezes que a ofensa se repetiu."

Mas Olavo não disse o que importa: era ou não um astrólogo? Ainda acredita na astrologia? Fazia ou não mapa-astral? Chamar um astrólogo de astrólogo agora é ofensa? Ora, ofensa é um sujeito que se diz católico ser astrólogo também! O que a Bíblia diz sobre a astrologia? Mas vejamos o que o próprio Olavo disse numa entrevista, quando Roberta Tórtora perguntou como a astrologia contribuiu para sua formação:

"Muito. Não existe possibilidade alguma de entendimento de qualquer civilização antiga sem o conhecimento da Astrologia. O modelo de visão do mundo baseado nos ciclos planetários e nas esferas esteve em vigor durante milênios e isto continua a estar, de certo modo, no 'inconsciente' das pessoas. Apesar de algumas deficiências no modelo astrológico, foi ele quem estruturou a humanidade pelo menos a partir do império egípcio-babilônico, o que significa, no mínimo, cinco mil anos de história. A Astrologia é um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um analfabeto, um estúpido." Não creio que seja necessário fazer qualquer comentário. Melhor voltarmos ao tema das tradições, onde Olavo insiste em ignorar o que eu realmente escrevi. Eis o que ele disse depois que provei sua mentira:

"Constantino reduz o conceito de 'tradição' ao de 'repetição mecanizada', opondo-o ao do exame racional maduro, mas linhas adiante reconhece que 'há tradições boas'. Então é claro que, no seu entender, elas não são boas por ser tradições, mas pela coincidência casual do seu conteúdo com algo que o exame racional, feito por ele, aprova."

Será possível que Olavo ainda não tenha entendido mesmo? Sim, para mim uma tradição não é boa apenas por ser tradição. Por isso devemos questionar as tradições! É justamente o "exame racional maduro", ao invés de uma repetição mecanizada. Ora, como Olavo faz para saber quais tradições seguir? Escolhe aleatoriamente, joga um dardo, verifica no seu mapa-astral? Eu não. Eu prefiro justamente questionar se faz mesmo sentido adotar uma tradição. É o julgamento de um costume através da nossa razão, coisa que você vem condenando. Veja meu exemplo de noivas casando de branco: uma tradição. Para Olavo, tradições nunca são repetidas mecanicamente, mas sim compreendidas. As católicas sabem mesmo porque se casam de branco? Quantas podem seguir esta tradição honestamente? Em resumo, eu quero simplesmente questionar racionalmente qualquer costume ou tradição, algo que fez Olavo de Carvalho perder a linha e partir para as agressões. Não deixo nada acima da minha razão, nem as tradições nem a autoridade de algum filósofo. Meu instrumento epistemológico para tentar compreender o mundo em que vivo é a razão. Mas o ódio de alguns "filósofos" à razão é mesmo algo incrível.

Não satisfeito, Olavo fez uma análise psicológica de minha pessoa, não sei com quais credenciais. De astrólogo para comunista, depois filósofo conservador, crente católico e agora psicólogo também. O homem entende de tudo mesmo! Depois, num típico ataque de vaidade megalomaníaca, ele concluiu que tudo que eu escrevo é para "parasitar seus temas e referências". Segundo ele, passei a citar Ortega y Gasset e Viktor Frankl graças aos seus escritos. Não passa por sua cabeça narcisista que eu possa ter lido sobre Frankl no famoso livro de Steven Covey, Os 7 Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes, ou ter descoberto Ortega y Gasset, autor renomado mundialmente, por qualquer outra fonte. Não! Tudo que escrevo, até mesmo sobre o multiculturalismo, é para copiar o grande filósofo. O mundo não gira mais em torno da Terra, como os crentes achavam. Gira em torno de Olavo! E um sujeito desses acha que pode dar um diagnóstico psicológico de alguém. Para Olavo, minhas "investidas polêmicas" são um "longo e reiterado pedido de socorro". Olavo deve escrever essas besteiras todas diante de um espelho, só pode!

Quando escrevi meu artigo provando as mentiras de Olavo, algumas pessoas me mandaram a seguinte resposta: "Nunca discuta com um tolo; eles podem não saber a diferença". Eu concordo com o alerta, mas explico que não discuto com Olavo. Se fosse apenas nós dois numa sala fechada, meu tempo seria mais bem gasto lendo gibis da Turma da Mônica. O problema é que Olavo ainda conquista seguidores desavisados. Cada vez menos, é verdade. Mas faz-se necessário desmascarar o embuste. Rebato as mentiras e falácias de Olavo como faço com Verissimo, Sader ou qualquer outro do tipo. Sei que, à exceção dos desesperados que ainda levam Olavo a sério, quase ninguém mais o enxerga como um debatedor honesto, mesmo entre seus pares conservadores. Mas sempre existe um ou outro que ainda pode acordar do entorpecimento da erudição de Olavo. Escrevo para eles.

E por falar nos seguidores de Olavo, nada mais lamentável que ver a bajulação em sua comunidade do Orkut. Os comentários são todos do tipo: "Perfeito, professor", "Muito bom!", "Perfeito!", "Excelentes comentários, Olavo!". Olavo criou uma seita, explorando o desespero dos outros, tal como Bispo Macedo fez. Vaidoso, ele busca puxa-sacos que não questionam, mas apenas aplaudem como focas. A falta de argumentos é diretamente proporcional aos elogios feitos ao "mestre". Olavo, ao comentar a obra de Schopenhauer, Como Vencer um Debate sem Precisar ter Razão, assimilou muito bem todos os estratagemas de erística, que ele usa e abusa. Mas, uma vez desmascarado, entrou em desespero. A ameaça de processo foi a gota d'água, o ato desesperado de alguém que sabe não ter mais argumentos para rebater as críticas que recebe. Como disse Ayn Rand, "o argumento pela intimidação é uma confissão de impotência intelectual". Olavo acaba de confessar a sua.


31 de janeiro de 2014
janer cristaldo

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