Abaixo, coluna de Dora Kramer, publicada em vários jornais brasileiros neste domingo:
"Quem ganhar em dois dos três maiores colégios eleitorais será presidente do Brasil", afirma e reafirma o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aos correligionários do PSDB, que adotam o prognóstico como mantra e concentram esforços na montagem de alianças eficientes em São Paulo, Minas e Rio.
Sem descuidar do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste porque o trajeto é acidentado e a chance de vitória uma hipótese ainda remota. O critério principal dos tucanos nessa altura dos acontecimentos é regional. O instrumento, o mapa do Brasil usado como manual de instruções para a montagem do plano eleitoral.
Está decidido no PSDB que o caminho já não é o da aliança partidária. O tempo de televisão não tem sido considerado o mais importante. Até porque nesse quesito não dá para competir com o governo. Tanto que a tendência é a escolha de um vice do PSDB. Se for mulher, o nome é o da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, filiada desde outubro ao partido.
A ideia é agregar regiões, sair com ao menos três milhões de votos à frente em Minas, território do candidato, ganhar em São Paulo e rezar para que o vexame não seja muito grande no Rio de Janeiro, onde o PSDB inexiste.
Os tucanos estão relativamente tranquilos quanto ao desempenho nos Estados do Sul e do Centro-Oeste, tomando por base o resultado de eleições anteriores.
No Nordeste, contam com a redução de danos em relação à supremacia do PT, aliando-se com o PMDB na Bahia e no Ceará, com o adversário da família Sarney no Maranhão, abrindo mão de candidato em Pernambuco para deixar o campo livre para Eduardo Campos sugar votos da presidente Dilma Rousseff.
O "discurso" virá num segundo momento, quando a candidatura estiver oficializada na prática. Aécio Neves vai sustentar a campanha inicialmente em dois pilares: a desconstrução da imagem de gestora eficiente de Dilma, mostrando a fragilidade de resultados nas ações de governo, e a exposição do "time" - composto por autores e gestores do Plano Real - com o objetivo de recuperar o patrimônio da estabilidade e mandar mensagem de confiança ao mercado e ao setor produtivo.
Nas últimas semanas o candidato a ser confirmado em março incorporou ao seu repertório a frase "vou ganhar a eleição", acompanhada de um sorriso confiante.
Mas é evidente que a assertiva segura faz parte de seu show. É preciso aspergir otimismo, pois o cenário real é de uma batalha dura, cheia de obstáculos e expectativas adversas. Sem a vantagem inicial de 2010, quando largou no patamar de 40% das intenções de votos para José Serra, o tucanato tem se embrenhado País adentro conquistando parceiros, colhendo promessas de apoios, construindo pontes projetadas com precisão, sob a estreita vigilância da direção nacional.
As realidades locais serão observadas. Não para que cada seção do partido se movimente como bem entender, ao contrário: pois a ordem unida é a absoluta obediência das alianças às conveniências da candidatura presidencial.
12 de janeiro de 2014
in coroneLeaks
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