Dois mil e catorze começa como tantos outros sempre plenos de desejos e esperanças que se esvaem nas mensagens sociais trocadas. Não devia ser assim em nosso Brasil onde as nuvens negras dos desmandos são pintadas como se nelas houvesse estrelas brilhantes de uma sociedade feliz.
Falta-nos autoridade moral nos governantes e naqueles eleitos para representar o povo. Faltam-nos líderes de conduta ilibada e dispostos a trabalhar pelo bem comum. A política e seus agentes são merecidamente enxovalhados, com poucas exceções, pelos que ontem os aplaudiam e hoje os repudiam no estertor da esperança de mudanças e na triste constatação de uma nação desamparada.
O território brasileiro se mostra dividido em feudos pertencentes a famílias que os usam como se fossem hereditários sob o beneplácito do governo central que com eles se acumpliciam visando, via de regra, um paraíso terrestre onde os fins justificam os meios. Sem querer exagerar, até parece que o enriquecimento fácil e imediato é a meta maior.
Exemplos são abundantes e dispensam citação.
“Até quando o povo brasileiro vai ficar assistindo o terrível espetáculo da destruição nacional? Quem não é político, ou empresário que recebe benefícios do BNDES e retribui aos que estão no poder, ou ainda, o povinho minhoca que ganha as “bolsas isso e aquilo” e devolve o favor/esmola na forma de voto, não é levado em consideração.
Os derrotados de ontem, vencedores(!) de hoje, só pensam em se perpetuar no poder e por saberem da inércia da população abusam, cada vez mais, dos erros que praticam. A presidente carregou o neto no colo, no banco traseiro de um carro, infração grave passível de multa e retenção do veículo, mas pediu desculpas e ficou por isso mesmo.
Faça o mesmo para ver o que lhe acontece. O presidente do Senado usou uma aeronave da FAB para ir a Recife se submeter a uma cirurgia estética de implante de cabelos. Você viajaria num vôo comercial, com poltronas apertadas, ganhando uma barrinha de cereais e olhe lá, ou ficaria careca mesmo.” (Excerto do editorial do Informativo O AVAIANO-Jan 2014).
A família tradicional, tão valorizada nas comemorações natalinas, está ameaçada de extinção por um projeto-de-lei em vias de votação no Congresso Nacional, de iniciativa da ministra da Cultura (?) que parece inconformada com o fato de Deus haver colocado apenas Adão e Eva no Paraíso.
Criança é queimada viva no Maranhão por ordem de um condenado recluso em presidio local e outra mulher, dita ministra dos Direitos Humanos, se mostrou mais comovida com o ferimento sofrido por um marginal em confronto com um policial militar do que com a tragédia da infante. O povo não pode se manter anestesiado e com medo de protestar.
Visitas e discursos de ocasião, lamentos oficiais, comissões que se formam e dinheiro distribuído lastreados por mentiras e inexistência de quem exija eficácia nas ações saneadoras são evidência de uma estrutura corrompida, incapaz e hipócrita.
Enquanto isso é o cenário brasileiro, os tentáculos da esquerda socialista, aqui e alhures, na América Latina, avançam solidários e dissimulados na limitação das liberdades civis, na perseguição às oposições, na tolerância ao narcotráfico e na criação de mitos capazes de arrastar multidões pelas iscas que lhe são atiradas. É o caso de me valer da inquietação de Sua Santidade o Papa Francisco que perguntou, recentemente, “o que está acontecendo com a humanidade” e também questionar o que mantém a população brasileira inerte e submissa a tantos falsos profetas?
Para finalizar, invoco também palavras do historiador Sérgio Paulo Muniz Costa que afirma que “o problema no Brasil de agora é que a canalhice e a molecagem se tornaram cívicas e, se não estão institucionalizadas, certamente são nítidas no cinismo comum àqueles que corrompem, prevaricam e desgovernam, conseguindo sempre eximir-se.”
12 de janeiro de 2014
José Carlos Leite Filho é General de Exército na reserva
José Carlos Leite Filho é General de Exército na reserva
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