"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CALOR LEVA À PRODUÇÃO RECORDE DE ENERGIA E A RISCO FALTA DE LUZ



Calor eleva consumo, e cresce risco de casos pontuais de falta de luz
 
País tem produção recorde de energia; alta temperatura pode prejudicar equipamentos de transmissão
Especialista diz que país não pode ser comparado à Argentina, que viveu apagão de quase 10 dias em 2013
 

As altas temperaturas no país neste início de ano levaram, na sexta-feira passada, as usinas elétricas a bater seu recorde histórico de produção de energia e trouxeram uma preocupação: o risco de falha nos equipamentos de transmissão e distribuição, o que pode gerar faltas de luz pontuais e localizadas.
 
A avaliação é do coordenador do Gesel/UFRJ (Grupo de Estudos do Setor Elétrico/UFRJ), Nivalde de Castro.
 
Aliado ao aumento do consumo, o calor "estressa" os equipamentos, que, por sua vez, podem vir a apresentar falhas técnicas pontuais.
 
Na atual situação, o risco de problemas na transmissão ou na distribuição é maior do que o de questões estruturais --a oferta de energia não acompanhar a demanda, por exemplo.
 
De acordo com Castro, os reservatórios que abastecem as hidrelétricas estão mais cheios do que em janeiro do ano passado e as usinas térmicas continuam em funcionamento, como forma de manter os níveis dos estoques de água das hidrelétricas.
 
"A Argentina de hoje não é o Brasil de amanhã. Existe a possibilidade de faltas de luz pontuais, sim, mas não por causas estruturais", disse Castro, referindo-se ao apagão de quase dez dias no país vizinho no fim de 2013.
 
De acordo com boletim do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o país bateu seu recorde de geração de energia na sexta-feira passada, ao registrar, às 14h39, produção de 79.962 MW, 0,05% mais que a marca anterior, do dia 4 de dezembro.
 
Na sexta, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tinham 41,96% de sua capacidade -- a média em janeiro de 2013 era de 37,46%.
 
A mesma situação é verificada no Nordeste, com reservatórios 39,26% cheios, enquanto em janeiro passado a média era de 32,86%.
 
Para o professor colaborador da Coppe/UFRJ Roberto D'Araújo, o risco de falta de energia decorre do fato de, com o objetivo de poupar reservatórios de uma ou outra região do país, o SIN (Sistema Interligado Nacional) ter enviado grandes cargas de energia de um canto do país para o outro.
 
No dia do recorde, por exemplo, as usinas da região Norte enviaram 3.916 MW para o Nordeste.
 
"Uma falha no meio do caminho pode levar a falta de energia em determinada região. Não digo que terá apagão, mas esse transporte grande de carga mostra um desequilíbrio no sistema."
 
Desde 2012, o país mantém ligada boa parte das usinas térmicas com o objetivo de poupar os estoques de águas das hidrelétricas.
 
Do total gerado no dia do recorde, 14,2% vieram das térmicas convencionais, que excluem as usinas nucleares.
 
As hidrelétricas foram responsáveis por mais de 82%.

14 de janeiro de 2014
LUCAS VETTORAZZO - Folha de São Paulo

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