"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 22 de dezembro de 2013

O RISCO DAS BOLHAS


Termina em janeiro o mandato de Ben Bernanke como presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). No processo de substituição do comandante da política monetária norte-americana, a posição mais significativa veio do megainvestidor Warren Buffett, para quem Bernanke deveria ter permanecido no posto.
 
As razões que levaram Buffett a expressar essa opinião foram a trajetória bem-sucedida de Ben Bernanke no Fed e as incertezas geradas pelo processo de sucessão.
 
Janet Yellen, sua sucessora, tem uma carreira acadêmica respeitável. Ela já é a vice-presidente do Fed, tendo, portanto, trabalhado com Bernanke alguns anos. Mas, em suas posições até agora, ela mostra menos preocupação com a inflação do que seu antecessor.
 
Os maiores riscos da economia americana hoje, no entanto, não dizem respeito à inflação de bens e serviços, que gera cuidados mais por estar muito baixa do que alta, com temores de deflação.
 
Os grandes riscos vêm de fato da inflação nos preços de ativos. Ela provoca as chamadas bolhas de ativos, que têm o mau hábito de estourar na cara da sociedade.
 
Se a retirada dos estímulos pelo banco central americano ocorrer antes da hora, pode comprometer a recuperação da economia dos Estados Unidos, mas, caso se prolongue excessivamente, pode inflar bolhas perigosas.
 
A segurança inspirada por Ben Bernanke é que ele não era somente um respeitado estudioso das crises como a enfrentada pelos Estados Unidos antes mesmo de assumir o comando do Fed, como teve experiência muito bem-sucedida na sua gestão, apesar de alguns momentos controversos.
 

A economia norte-americana hoje dá sinais concretos de recuperação, tendo se beneficiado das políticas competentes adotadas por Bernanke e o colegiado do banco central americano.
 
A produção industrial de novembro sobre outubro cresceu 1,1% e alcançou níveis pré-crise. Foram criados 203 mil empregos no mês passado, contra uma previsão de 180 mil. No mercado imobiliário, epicentro da crise, a confiança cresce acima das expectativas.
 
É importante ressaltar também que Ben Bernanke deixa o caminho pavimentado para a nova presidente, o que ajuda a reduzir as incertezas.
 
Na quarta-feira, ele comandou o anúncio do programa gradual de retirada dos estímulos monetários, com boa reação dos mercados. Vamos torcer agora para que Janet Yellen possa ter tanto sucesso quanto Ben Bernanke.
 
Seu sucesso, ou seu fracasso, terá grande impacto no comportamento dos mercados e da atividade econômica, inclusive no Brasil, no ano que começa.
 
22 de dezembro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário