"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O CANDIDATO DE R$ 2 BILHÕES

Dono de holding com 74 empresas, que inclui banco e até time de futebol, Joel Malucelli se prepara para concorrer ao governo do Paraná em 2014
 
Joel Malucelli, 68, é um dos maiores empresários do Paraná: dono de banco, time de futebol, construtora e jornais. Sua holding, com 74 empresas, tem patrimônio de R$ 2 bilhões e lucro de milhões ao ano, parte deles em contratos com o poder público.
 
No ano que vem, J. Malucelli, como é conhecido, pode também ser candidato ao governo do Paraná.
 
Filiado ao PSD, que, no Paraná, agrega egressos do DEM, PP e PMDB, entre outros partidos, o empresário tem o apoio do diretório estadual e do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, para lançar a candidatura.
 
O apoio se dá, por ora, mesmo diante da possibilidade de disputa com a petista Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil do governo Dilma (cuja tentativa de reeleição já tem apoio do PSD), e com o governador Beto Richa (PSDB), que tem integrantes do PSD em seu secretariado.
 
Num pleito acirrado como o que se esboça, Malucelli seria uma "terceira via", na visão do partido.
 
26 de dezembro de 2013
 
"Ele tem um perfil que se aproxima do cobrado pela sociedade. E traria racionalidade e planejamento para a vida pública", diz o deputado federal Eduardo Sciarra, presidente do PSD-PR.
 
O empresário já está se preparando para a campanha. Viajou diversas vezes ao interior do Paraná com líderes políticos e tem colhido sugestões para o plano de governo.
 
"Político trabalha muito mais que empresário. Mas muito mais", diz.
 
"COLA"
Quando dá entrevistas sobre a candidatura, Malucelli leva uma "cola", uma folha sulfite com "reformas necessárias" ao setor público: tributária, política, trabalhista.
 
Para ele, é preciso administrar o Estado "como uma empresa" e transformá-lo em "uma fábrica de projetos", planejando o Paraná para os próximos 30 anos.
 
Malucelli está aposentado há um ano. Quem toca os negócios da família hoje é o filho Alexandre Malucelli.
 
Se eleito, o empresário diz que vai colocar em marcha "um plano revolucionário", reduzindo o número de secretarias de 23 para 12.
 
"O Paraná é um Estado inchado. [Nele, existe um] processo político em que você tem que acomodar diversos partidos e dar secretarias para contentá-los", afirma.
 
ALAVANCA
Sobre suas principais propostas, fala em alavancar obras de infraestrutura e reduzir a burocracia. Saúde, educação e segurança, por enquanto, vêm na tangente.
 
Os contratos de sua holding com o governo do Estado, caso fosse eleito, seriam rompidos. Diz que jamais usaria seus veículos de comunicação (duas emissoras de TV, três rádios e um jornal impresso) a seu favor. Caso venha a ser governador, afirma Malucelli, eles não receberão nenhuma verba estadual.
 
Entre uma fala e outra, Joel deixa escapar certa cautela sobre a candidatura.
 
"Às vezes estou mais, às vezes menos [empolgado]", comenta, depois de questionado se está animado com o projeto. "A decisão é do partido", complementa.
 
Embora defenda, em tese, a candidatura própria, o PSD no Paraná tem como principal preocupação a eleição de um bom número de deputados estaduais e federais.
 
A Executiva faz os cálculos: acha que pode eleger dois federais com os nomes que já tem, mas, com uma aliança que puxasse mais votos, faria pelo menos quatro.
 
"O partido vai fazer o que for melhor para si", diz um integrante do diretório, que tem bom trânsito tanto com o PT de Gleisi quanto com o PSDB de Richa. Logo, deve ser cortejado por ambos.
 
O próprio Joel admite a possibilidade: "Eles são políticos, não é? Precisam da vitória para continuar exercendo a política".
 
Ainda assim, calcula que a chance de sair candidato é de 70%. Sciarra, o presidente estadual, prefere não fazer estimativas.
 
26 de dezembro de 2013
ESTELITA HASS CARAZZAI - Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário