"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

"ERROS DE EIKE CUSTAM CARO AO BRASIL"

 
A petroleira OGX, de Eike Batista, anunciou hoje que não chegou a um acordo com os credores e pode entrar com pedido de recuperação judicial.
É uma notícia triste, mas não surpreendente, porque já vínhamos vendo a derrocada do grupo há vários meses.
Caminhava-se nessa direção. As ações já viraram pó há muito tempo, e a empresa, infelizmente, chega a essa situação de concordata.
 
É um dia triste, porque estamos falando de um grupo que poderia ter feito um trabalho bom de renovação do capitalismo brasileiro. Muita gente errou nessa história, mas quem errou mais foi o empresário Eike Batista.
Desde o começo, ele transformava pequenos indícios em afirmações categóricas sobre as reservas, superdimensionadas. Com tanta afirmação otimista, as ações subiam, produzindo uma bolha.
Ele conseguiu captar bastante, fez IPOs com valores exagerados e, com base nisso, pegou empréstimos em bancos - públicos, inclusive -, dando como garantia ações e ativos que hoje não têm valor no mercado. Cheguei a falar à época que ele embrulhava vento e vendia.
 
Ele é o principal responsável porque entrava em uma área e, antes que maturasse, já estava em outra. Esse foi o centro do seu erro como empresário. E proclamava que seu objetivo era ser o homem mais rico do mundo, um objetivo pobre para um empreendedor, que pode construir riqueza, dar dinamismo à economia e ajudar a realizar os sonhos de outras pessoas. Essa ganância o levou a ser apressado e descuidado.
 
Tudo isso custa caro para o Brasil em vários sentidos: afeta a imagem do país, porque o próprio governo o transformou num símbolo. Custa caro também porque ele se financiou muito em bancos públicos.
O BNDES insiste em dizer que não perdeu um tostão com Eike. Estranho, porque todo mundo que comprou ação do grupo perdeu. Falta transparência. O banco tem de dar explicações à opinião pública, já que é o contribuinte que sustenta o BNDES.
 
Eike tem muitas ideias, mas não esperava que se consolidassem e já partia para outra, empilhando empreendimentos. Esse foi seu principal erro. Não esperar a maturação dos investimentos no delírio de perseguir o objetivo de ser o mais rico do mundo.
 
Algumas empresas do grupo têm ativos, que estão sendo vendidos ou ganhando novos parceiros. As chances de recuperação são poucas, principalmente as de algumas empresas. Sobre a de petróleo, por exemplo, ele chegou a falar de reservas enormes e nada se confirmou.
 
Acho que algumas instituições têm explicações a dar, como os bancos públicos. Está na hora de eles explicarem quanto perderam e o que isso significa para o acionista controlador, o Tesouro.
A agência reguladora do mercado de capitais nunca deu explicação devida sobre o fato de ele ter dado informações que não se confirmaram depois. Ao acreditarem nelas, os acionistas compraram papéis e perderam dinheiro.
 
Ouçam aqui o comentário feito na CBN

29 de outubro de 2013
Miriam Leitão
CBN

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