"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

Em 1940, Stalin mandou um elevado membro do Politburo pedir a Vargas liberdade para Prestes. O Senado ludibriou o povão, fez o mesmo que a Câmara. Qual a diferença? Dona Dilma feliz com a ‘recuperação’. Acha que o povão vai retirar essas aspas.




Os líderes da Câmara e Senado não se cansam de tripudiar sobre a opinião pública. E com a cobertura desavisada da mídia impressa e expressa. Há 15 dias a Câmara mistificou mais uma vez, enganou com sempre, votou o fim do “voto secreto”, quer dizer, consumou mais uma farsa ou fraude, que atirou do plenário para o pleno da ruas, como se verdade fosse.

Festejaram a noite toda, os aplausos já apareciam nos sites e blogs, os primeiros a se manifestarem. E no dia seguinte, bem cedo já surgiam as manchetes impressas: “DERRUBADO o voto secreto”. Ou muito interesse ou pouca análise. Então não viram que estavam sendo enganados, queriam apenas jogar um pouco de claridade na escuridão da quarta-feira anterior?

AGORA, O SENADO NU, A CÂMARA DESVESTIDA, FESTEJANDO CONTRA O POVO

Imediatamente mostrei o que estava acontecendo, não levei nem 48 horas para dizer: “A Câmara enganou a todos, o VOTO SECRETO continua impávido e indestrutível”.
E ainda disseram: “O Helio não se satisfaz, esse projeto aprovado na Câmara e que vai para o Senado é mais amplo, acabará com o voto secreto em todas as votações, um avanço”.

Não quero lembrar tudo o que comentei, pretendo apenas chegar à nova farsa de anteontem no Senado. Quando fingiram, estrondosamente, que o voto secreto havia acabado. Novamente? Se a Câmara mentiu para todos, por que o Senado, que se julga hierarquicamente superior, ficaria silencioso?

O SENADO MAIS IMORAL E COM FRAUDE MAIS AMPLA

Anteontem o presidente do Senado (todos sabem, Renan) anunciou o grande AVANÇO do que haviam votado com ampla maioria. Vou separar para ficar mais legível.

1 – Fim do voto secreto para cassação de deputados. Só que precisa ser votado novamente e ir para a Câmara, outras duas votações, ou se sofrer emendas, volta para o Senado.
Explicações e restrições: só serve para a cassação do deputado Donadon, que está preso, Os outros não serão incluídos nesse projeto. Esses chamados de “outros” são os que estão sendo julgados no Supremo.

Mais uma restrição. Como o objetivo é mistificar a opinião pública, o projeto que seria um avanço, vai perambular pelas gavetas do Senado. Fim do voto secreto geral? Só quando Renan e Henrique Eduardo puderem apresentar “folha corrida”.
MAIS CARINHO E COMPREENSÃO COM A CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA

2 – Acrescentaram ao projeto “penas duríssimas” contra corruptos, não só da Câmara e Senado, mas de todos que ocuparem cargos públicos. Para quem for flagrado em atos de corrupção, qualquer que seja o cargo, condenação a um ano de prisão.
Puxa, exageraram. Mas entrarão com recursos, estarão em liberdade, irá prescrever quase que imediatamente. Só não podem acusar o Senado (e a Câmara) de negligência, cumplicidade e omissão, tentaram.

3- Atentos, os senadores não esqueceram do enriquecimento ilícito. Usaram da mesma severidade, foram implacáveis, também 1 ano de prisão, só não explicaram como comprovarão esse “enriquecimento”. Principalmente quando se tratar de deputado ou senador.

NADA SERÁ DESVENDADO

Portanto, continua vigorando o que eu revelei logo que retumbaram, “o voto secreto foi DERRUBADO”. Nem o que atingia apenas os parlamentares a serem cassados, ou os da transparência geral.
E ninguém quebrará o silêncio dos parlamentares, eles estão pensando. Que República.

A CAMPANHA DE 2014

Falam muito que Dona Dilma está em franca recuperação. Com o “Mais Médicos”, teria se recuperado (quem acredita nessa pesquisas?) e ganharia logo no primeiro turno. Inacreditável como é fácil enganar a opinião pública.
Numa pesquisa, cai 30 pontos. Num clima piorado, desconfiado, desmoralizado e contaminado, “recupera” o perdido e acrescenta mais popularidade.
E a corrupção total do seu governo? Se tivesse demitido o ministro do Trabalho na hora, talvez a pesquisa tivesse tom e clima de verdade.
Concordo: os adversários são fracos. Mas Lula não pensa (?) assim.

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PS – José Reis Barata, você fez muito bem em citar Churchill, era um notável e insuperável frasista. Logo depois, faria outra, altamente reproduzida: “A democracia é o pior dos regimes. Excetuados, naturalmente, todos os outros”.

PS2 – Também como personagem, Churchill foi sincero e extraordinário. Bebia, fumava, jogava, pública e diariamente. Difícil uma fotografia dele sem o charuto ou longe de um copo.

PS3 – Jogava sempre que podia, principalmente em cassinos, e era “viciado” em perder. (Existe isso, em maior quantidade do que se imagina)

PS4 – Como jogo sempre foi considerado “dívida de honra”, no dia seguinte Churchill precisava arranjar dinheiro, fazendo a “ronda” na Old Bond Street (centro financeiro de Londres), voltava a jogar.

PS5 – Quando seus livros passaram a vender muito e recebeu várias heranças, abandonou o jogo, com a declaração-confissão do vício: “Que prazer tem o jogo, perco, faço o cheque e vou dormir?”

PS6 – Tinha horror a Stalin e não gostava de De Gaulle, que representava o governo da França no exílio. Hostilizava-o, sempre que possível. E De Gaulle era conservador como ele. Mal se falavam.

PS7 – Churchill nem queria ouvir falar de Stalin. Segundo o presidente Roosevelt, que foi o grande coordenador do que se chamou de “aliados”, Churchill não aceitava de maneira alguma se encontrar com o então poderoso líder soviético.

PS8 – O presidente Roosevelt levou muito tempo, mas conseguiu realizar os encontros de Ialta e Teerã, com ele, Stalin e Churchill. Quem viu as fotos da época, e não conhecia os bastidores, tinha a impressão de que eram ligadíssimos. Churchill de charuto e Stalin com aquele reluzente uniforme branco, muito mais reluzente do que o seu caráter.

PS9 – Em 1940, Stalin mandou o número 2 do Politburo (personagem elevado) ao Brasil, para pedir ao ditador que “libertasse Luiz Carlos Prestes, preso desde 1936 e tratado cruelmente”.

PS10 – Principal argumento de Stalin, utilizado pelo emissário: “Brasil e União Soviética agora são aliados, o Brasil está mantendo preso um amigo”. Era verdade.

PS11 – Vargas, espertíssimo, percebeu o “trunfo” que possuía, respondeu que ia decidir. Não libertou Prestes, mas mandou construir para ele, na Penitenciária da Frei Caneca, uma casa de madeira, quarto, sala, banheiro e cozinha. E o mais importante: podia manter correspondência, receber e conversar com amigos. O mais assíduo: Sobral Pinto, seu advogado e grande amigo.

PS12 – Prestes ficou preso até 1945, quando saiu para lançar a “Constituinte com Vargas”. Que contradição para qualquer um, menos para Prestes, que jamais defendeu interesses pessoais. Mas isso é outra história).

13 de setembro de 2013
Helio Fernandes
 

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