"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

NAS REDES SOCIAIS, GOVERNOS DE DILMA E CABRAL E MENSALÃO DOMINAM COMENTÁRIOS

 
Análise foi realizada por pesquisador da FGV entre junho e setembro. Maioria das postagens analisadas era a favor da condenação dos mensaleiros e contra a impunidade
 
 

Manifestação próxima à casa do governador Sérgio Cabral, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, em julho
Foto: Pedro Serra / Agência O Globo
Manifestação próxima à casa do governador Sérgio Cabral, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, em julho Pedro Serra / Agência O Globo


Fundamentais nos protestos que tomaram conta do país este ano, as redes sociais foram o objeto de estudo do pesquisador Pedro Belchior, de 28 anos, do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito Rio. Ele traçou um perfil das principais preocupações e prioridades dos brasileiros na internet durante e depois das manifestações e também durante o julgamento dos embargos infringentes do mensalão. De junho a setembro, Belchior analisou 1.663.281 comentários no Twitter, Facebook, YouTube, Google e Instagram. Os governos da presidente Dilma Rousseff e de Sérgio Cabral, no Rio, e a segurança estão no topo da lista.
 

O governo Dilma também liderou os comentários nas redes sociais em julho. Ao todo, 331.807 postagens foram analisadas. Os internautas mostraram preocupação com a gestão da presidente em 36.499 (11%) posts. As demandas sobre Saúde teve 35.006 (10,55%). Depois, apareceu a Educação, com 25.416 (7,66%); Partidos Políticos, com 24.225 (7,31%); e o governo Cabral, com 21.169 (6,38%).
 
— É um hábito do brasileiro reclamar de quem está no poder. Por isso, a Dilma foi a mais lembrada por dois meses seguidos. Seja qual for o problema a ser reivindicado nas ruas, os brasileiros associam sempre ao governante. Para os internautas, é a presidente que deveria solucionar os problemas do país — explica o pesquisador.
 
Em agosto, o governador Sérgio Cabral liderou as reclamações nas redes sociais. Foram monitoradas 225.772 comentários. Cabral ficou com 27.522 (12,19%). A Segurança veio logo em seguida com 26.212 (11,61%). A Saúde novamente foi lembrada com 21.132 (9,36%) comentários; Educação, com 20.296 (8,99%); e corrupção, com 14.201 (6,29%).
 
— As reivindicações contra Cabral não foram apenas de moradores do Rio. As reclamações tomaram conta do Brasil inteiro — ressaltou Pedro Belchior.

Com o julgamento dos embargos infrigentes pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão este mês, o tema corrupção ganhou destaque. O pesquisador da FGV analisou 48.337 postagens enquanto os ministros decidiam o futuro dos acusados de comprar apoio de deputados no Congresso para beneficiar o governo Lula. O assunto registrou 5.467 (11.31%) reclamações dos internautas. Atrás apenas de Segurança, que ficou com 5.834 (12.07%). Saúde teve 5.259 (10,88%); Educação, 3.688 (7,63%) e Nacionalismo, 3.359 (6,95%).
 
— Praticamente todos os comentários eram a favor da condenação dos acusados e contra a impunidade. Os internautas queriam vê-los presos o mais rápido possível — explicou o pesquisador, que usou as ferramentas Topsy, Seekr, Twitalyser e da plataforma Causa Brasil para fazer o cruzamento das informações entre 15 de junho e 22 de setembro.
 
Para Pedro Belchior, entender as demandas das redes sociais tornou-se indispensável:
 
— O uso da internet e das redes sociais como ferramentas para o efetivação da participação democrática foi significativamente desenvolvido a partir das manifestações de junho. Tornou-se indispensável, portanto, entender as demandas expostas nessas redes sociais.
 
— Optamos por realizar esse levantamento de dados e analisá-los com o objetivo de compreender quais são as grandes preocupações expostas pelos usuários da internet, bem como para tentar criar padrões que nos permitissem responder à pergunta “o que as redes sociais vão dizer?” — completou ele.

O pesquisador conclui:

— De fato, a participação da população através das redes se reduz significativamente com o passar dos tempos. De junho até setembro a queda nos números é drástica. A percepção de preocupações antigas do brasileiro também é forte.
Questões como segurança, saúde, educação, corrupção e o poder executivo são as constantes e apenas abrem espaço para eventuais outras polêmicas em curtos espaços de tempo.
Depois voltam a liderar.

OS NÚMEROS

Junho:

1.057.365 postagens analisadas

Governo Dilma: 94.634
 
Passagens: 93.365
 
Segurança: 89.453
 
Saúde: 86.492
 
Democracia: 81.523

Julho:

331.807 postagens analisadas

Governo Dilma: 36.499
 
Saúde: 35.006
 
Educação: 25.416
 
Partidos: 24.225
 
Governo Cabral: 21.169

Agosto:

225.772 postagens analisadas

Governo Cabral: 27.522
 
Segurança: 26.212
 
Saúde: 21.132
 
Educação: 20.296
 
Corrupção: 14.201

Setembro:

48.337 postagens analisadas

Segurança: 5.834
 
Corrupção: 5.467
 
Saúde: 5.259
 
Educação: 3.688
 
Nacionalismo: 3.359


30 de setembro de 2013
Cássio Bruno - O Globo

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