Muitos apostam na capacidade de transferência de votos do ex-presidente Lula para um eventual sucessor, caso sua inelegibilidade se confirme. No entanto, isso se daria em qual contexto? O desafio de eleger o próximo presidente já será grande o suficiente para o PT caso o candidato seja outro que não Lula – ainda mais complicado na hipótese de o ex-presidente estar encarcerado e sem condições de participar ativamente do corpo-a-corpo com o eleitorado e costurar alianças.
Partido com trajetória relevante na histórica política e social do Brasil, o PT degringolou após seu apogeu. Se em 2012 viu seus candidatos conquistarem 638 prefeituras pelo País, em 2016 foram apenas 256 (quase 60% a menos quando comparado com o período anterior). Em São Paulo, onde 4 anos antes Lula demonstrava sua força e elegia o novato Fernando Haddad, a situação se inverteu e o então prefeito sequer chegou ao 2º turno.
POUCOS PREFEITOS – No Nordeste, os resultados também não foram animadores. Na Bahia, do ex-governador Jacques Wagner e possível alternativa à Lula, o PT conquistou 40 prefeituras (contra 92 em 2012). No total, o partido conquistou 113 prefeituras na região (contra 187 em 2012) e não governa nenhuma capital nordestina. Atualmente, a única capital que conta com um prefeito do PT é Rio Branco, no Acre.
Na ocasião, é bom lembrar, Lula subiu ao palanque de seus candidatos e foi cabo eleitoral vigoroso da maioria deles. Não surtiu efeito por conta da derrocada institucional do partido atingido pela Lava Jato, pelo enfraquecimento político resultante do impeachment da ex-presidente Dilma e pela perda da sua identidade ideológica.
CAPITAL DE LULA – Lula tem hoje forte apelo eleitoral por tudo que representou na construção da trajetória política do Partido dos Trabalhadores e, principalmente, por conta do período em que governou o País – em dezembro de 2010, o então presidente tinha 83% de avaliação “bom ou ótimo” de acordo com o Pulso Brasil da Ipsos.
Em que pesem os impactos pós-Lava Jato, Lula ainda conta com 44% de aprovação de acordo com o “Barômetro Político Estadão-Ipsos” – pesquisa realizada entre os dias 2 e 11 de janeiro – e é o líder de intenções de voto na corrida eleitoral. Porém, esse capital parece ser só dele e não do PT. Ao longo dos anos, o lulismo se tornou maior que o petismo.
O maior desafio do PT será o de se reconstruir pós-Lula.
14 de fevereiro de 2018Danilo Cersosimo
Estadão
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