"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 29 de março de 2017

R$ 100 MILHÕES ROUBADOS

GERENTE DIZ QUE PAGOU DINHEIRO ROUBADO A EX-PRESIDENTE DO TC DE AL
EX-PRESIDENTE OTÁVIO LESSA É CITADO NO ROUBO DE R$100 MILHÕES

DEPOIMENTO COLHIDO PELA PF FOI UM DOS ARGUMENTOS PARA NOVA FASE DA OPERAÇÃO RODOLEIRO, MAS CONSELHEIRO DIZ QUE MP O INOCENTA. (FOTO: TC/AL)


Um gerente do Bradesco disse ter repassado parte dos R$ 100 milhões roubados do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TC/AL) para o ex-presidente Otávio Lessa e para outros conselheiros desta Corte. O depoimento colhido pela Polícia Federal (PF) foi um dos argumentos para a deflagração de uma nova fase da Operação Rodoleiro, com o cumprimento de mandado de busca e apreensão nessa terça-feira (28) na sede TC de Alagoas.

Sérgio Timóteo Gomes de Barros, gerente do posto bancário do Bradesco que funcionava dentro do TC, declarou à PF que “Otávio Lessa e outros conselheiros receberam das mãos do próprio gerente, partes dos recursos desviados daquele tribunal”. É o que diz o mandado judicial expedido pela 2ª Vara da Justiça Federal em Alagoas, a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
MP DENUNCIOU LUIZ EUSTÁQUIO E ISNALDO BULHÕES POR IMPROBIDADE

A partir desse depoimento, foi deferida pela 2ª Vara da Justiça Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a quebra de sigilos fiscal e bancário de investigados. E as novas buscas por provas é apenas uma das medidas negadas e não apreciadas anteriormente, que foram deferidas graças ao depoimento e à mudança de foro de alguns dos alvos da ação penal.

Otávio Lessa é o terceiro ex-presidente do TC de Alagoas envolvido na investigação do esquema milionário. O MP revelou no dia 15 deste mês de março a participação dos ex-presidentes do TC de Alagoas Luiz Eustáquio Tolêdo e Isnaldo Bulhões no esquema. E fez um aditamento à ação civil pública por atos de improbidade administrativa que havia sido protocolada em 2013 contra oito pessoas, dentre servidores do TC e funcionários do Banco Bradesco.

Rodoleiro é o nome popular do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) e dá nome à operação por ser vilão de cavalos de raça iguais aos comprados com dinheiro do TC de Alagoas por alguns dos alvos da investigação.

Isnaldo Bulhões é alvo de pedido de afastamento do cargo de prefeito de Santana do Ipanema, para o qual foi eleito em 2016, pelo PMDB, com o apoio do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do governador Renan Filho (PMDB). O MP de Alagoas também pediu a indisponibilidade dos bens de todos os acusados e o ressarcimento de R$ 99,3 milhões pelos danos causados aos cofres públicos.

Isnaldo Bulhões é irmão do ex-governador de Alagoas Geraldo Bulhões e tem um filho homônimo deputado estadual. Otávio Lessa é irmão do ex-governador e deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL). Ambos conquistaram o cargo vitalício graças à presença de seus irmãos no Governo de Alagoas. Manobra que o governador Renan Filho tenta fazer com o tio, Olavo Calheiros, deputado estadual pelo PMDB.

'MP NÃO DENUNCIOU'


Procurado pelo Diário do Poder, o conselheiro Otávio Lessa minimizou a gravidade do depoimento que desencadeou novas buscas no TC de Alagoas. E sugeriu já ter sido "inocentado" pelo Ministério Público Estadual de Alagoas, devido ao fato de não ter sido denunciado juntamente com os outros dois presidentes do TC, no aditamento da ação de improbidade ajuizado pelo procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, há duas semanas.

“Isso ele [o gerente] falou em 2006. Esse depoimento dele é de 2006. Analisa o que o Ministério Público encaminhou para a Justiça na semana retrasada, sobre a operação, quem ele indiciou e quem ele não indiciou. Pega todo o depoimento do procurador-geral, doutor Alfredo, e tem lá. Essa matéria que você tá falando é de 2006, a informação. Esses anos todos o MP estava analisando e, há duas semanas, já decidiu. Tá tudo lá”, declarou Otávio Lessa, por telefone.

O Diário do Poder apurou que Otávio Lessa seria um dos conselheiros ex-presidentes alvos do aditamento assinado pelo procurador-geral Alfredo Gaspar. Mas ocorreu que, na última hora, o STJ remeteu ao MP de Alagoas o extrato bancário de Lessa, com apenas R$ 10 mil sem origem esclarecida.

A investigação que avança na Justiça Federal e no STJ diz respeito aos aspectos criminais do caso. E o MP espera por maiores avanços dessa apuração, para agir em relação ao conselheiro Otávio Lessa, foi o que explicou uma fonte do MP ao Diário do Poder.


29 de março de 2017
davi soares
diário do poder

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