O sentimentalismo do politicamente correto permeia todas as eleições sociais na atualidade, criando uma sociedade de gagos. Professores, jornalistas, intelectuais e todos os que fazem uso da palavra com mais frequência pensam duas vezes antes de dizer algo.
Não se advoga aqui a tese de ofensas gratuitas a ninguém, até porque a injúria é crime, mas se desenvolveu no mundo - no Brasil, como cópia - a cultura do invólucro, a capa valendo em detrimento do conteúdo. O sujeito pode ser um crápula em sua atividade cotidiana, opressor, tirano e golpista, mas será admirado se usar as palavras certas nos lugares certos, como chamar menor infrator de adolescente em conflito com a lei.
Em um curso de extensão da Universidade de Brasília, travou-se uma debate sobre a correção do uso do termo "é claro", que denotaria preconceito linguístico-racial. O jornalista Luiz Natal informa que se iniciou um movimento de censura a marchinhas antigas de Carnaval consideradas politicamente incorretas, como a "homofóbica" Cabeleira do Zezé.
Uma organizadora de bloco do Rio de Janeiro tenciona retirar a música Tropicália, de Caetano Veloso, do repertório, por repetir a palavra incorreta mulata, que constitui preconceito racial por se referir aos mestiços como barriga de mula. O politicamente correto, como uma capa que encobre a realidade, presta um desserviço a quem luta contra os preconceitos. Jogando-os para debaixo do tapete, ninguém saberá que eles existem, mesmo existindo.
Além disso, transforma em vítimas eternas da sociedade amplos segmentos que, se juntos, formariam a maioria, no entanto são como minorias que interessam aos grupos que se alimentam da suposta miséria alheia.
26 de janeiro de 2017
Miguel Lucena - Delegado da PCDF e jornalista
Não se advoga aqui a tese de ofensas gratuitas a ninguém, até porque a injúria é crime, mas se desenvolveu no mundo - no Brasil, como cópia - a cultura do invólucro, a capa valendo em detrimento do conteúdo. O sujeito pode ser um crápula em sua atividade cotidiana, opressor, tirano e golpista, mas será admirado se usar as palavras certas nos lugares certos, como chamar menor infrator de adolescente em conflito com a lei.
Em um curso de extensão da Universidade de Brasília, travou-se uma debate sobre a correção do uso do termo "é claro", que denotaria preconceito linguístico-racial. O jornalista Luiz Natal informa que se iniciou um movimento de censura a marchinhas antigas de Carnaval consideradas politicamente incorretas, como a "homofóbica" Cabeleira do Zezé.
Uma organizadora de bloco do Rio de Janeiro tenciona retirar a música Tropicália, de Caetano Veloso, do repertório, por repetir a palavra incorreta mulata, que constitui preconceito racial por se referir aos mestiços como barriga de mula. O politicamente correto, como uma capa que encobre a realidade, presta um desserviço a quem luta contra os preconceitos. Jogando-os para debaixo do tapete, ninguém saberá que eles existem, mesmo existindo.
Além disso, transforma em vítimas eternas da sociedade amplos segmentos que, se juntos, formariam a maioria, no entanto são como minorias que interessam aos grupos que se alimentam da suposta miséria alheia.
26 de janeiro de 2017
Miguel Lucena - Delegado da PCDF e jornalista
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