"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 31 de dezembro de 2016

PANORAMA PARA 2017 É DE DIFICULDADE E APREENSÃO POLÍTICA E SOCIAL



Charge do Oliveira, reproduzida do Diário Gaúcho
O pronunciamento do presidente Michel Temer – reportagem de Junia Gama, Isabel Braga, Eduardo Bressiani e Bárbara Nascimento, O Globo, edição de sexta-feira – não foi dos mais otimistas para a população brasileira ao longo do ano de 2017 que chega à alvorada. Principalmente porque a previsão é que o mercado de emprego comece a se recuperar a partir do segundo semestre somente após ocorrer na primeira etapa um acréscimo do número de desempregados. É claro que medidas econômicas não podem surtir efeito imediato, mas é preciso levar em conta que os desempregados não podem esperar. Afinal de contas como poderão viver e chegar ao mercado mínimo de consumo? Este fato, sem dúvida, carrega a atmosfera de pessimismo.
Será dentro desta atmosfera e desse contexto que vão ser debatidas as reformas da Previdência Social da Lei Trabalhista e também a alteração do sistema tributário. Serão lutas difíceis que pelos seus efeitos traumáticos exigiriam uma atmosfera mais amena. Ao contrário. A atmosfera está sobrecarregada pelos temores de uma crise social.
A verdade é que o desenvolvimento só pode retornar com uma política de incentivo ao consumo e à produção. O que não se percebe no projeto do governo. Me refiro ao projeto global voltado para o país que é formado, acima de tudo por 204 milhões de habitantes que enfrentam as dificuldades do dia a dia e ainda por cima, como se está vendo claramente, não podem contar com os serviços básicos para os quais contribuem com descontos em seus salários e seu trabalho.
MAIOR EXEMPLO – O estado do Rio de Janeiro é um dos exemplos mais fortes desses obstáculos, como se observa continuamente nos meios de comunicação. A reforma tributária só pode estar voltada, é claro, para aumentar a receita. Mas para aumentar a receita, antes de mais nada, impõe-se a cobrança de dívidas acumuladas ao longo do tempo. Sobretudo porque fala-se em cortar despesas, embora o governo tenha liberado recursos para as emendas parlamentares. Mas não se fala em aumento de receita, quando este é o fator mais importante sobretudo porque permanentes.
Cortes sem analisar seu conteúdo, não podem ser praticados continuamente, uma vez que os salários de forma alguma podem desaparecer do cenário econômico e social. O que precisa desaparecer do cenário econômico e social é a corrupção que devastou o Brasil na última década. Quanto à sua esterilização o presidente Michel Temer, infelizmente não fez qualquer referência.
MAIS DELAÇÕES – Ao lado dos projetos de reforma previdenciária e trabalhista prosseguirá a avalanche das delações da Odebrecht agora em dimensão até maior conforme, destaca a revista Veja que está nas bancas. Será difícil que deputados e senadores atingidos pelas delações possam votar pela aprovação de cortes de direitos sociais.
Enfim, este é o panorama que hoje se desenha para o ano que começa, reflexo da tempestade chamada LavaJato que desabou em 2016. As soluções para todos esses dilemas não serão fáceis. Pelo contrário, dificílimas.

31 de dezembro de 2016
Pedro Coutto

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