Juiz da 10ª Vara de Brasília mostra que Sérgio Moro não está mais sozinho
O ex-presidente Lula da Silva e todos os demais envolvidos nos esquemas de corrupção no governo, sem exceção, fazem de tudo para se livrar do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Quando conseguem, é um alívio, imediatamente começam a alimentar a esperança de que suas chances de escapar da Justiça passaram a ser concretas. Sonhavam em cair na 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, conduzida pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, que arquivou em 2012 o inquérito que apurava denúncia de tráfico de influência da ex-ministra Erenice Guerra. Mas as aparências quase sempre enganam.
Foi justamente o juiz Wallisney que autorizou a sensacional Operação Greenfield desta segunda-feira, ao emitir 127 mandados judiciais – 7 de prisão temporária, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva, com ações simultâneas em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal.
BLOQUEIRO BILIONÁRIO – O magistrado bloqueou bens e ativos de pessoas físicas e jurídicas, no valor de aproximadamente R$ 8 bilhões. Além disso, decretou sete medidas cautelares a 40 empresários e executivos investigados, impondo-lhes proibição imediata de atuação nas empresas, nos fundos de pensão e nos mercados financeiros e de capitais. Entre os atingidos estão Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, a gigantesca holding que engloba a Friboi e a Alpargatas e vinha sendo presidida por Henrique Meirelles. Conduzido coercitivamente, Wesley já prestou depoimento, mas Joesley está no exterior e não foi ouvido.
“Essas medidas alternativas à prisão me parecem que, por ora, são suficientes para minimizar ou fazer cessar as atividades ilícitas e salvaguardar a ordem pública e econômica e em benefício de eventual aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal (investigação)”, assinalou o juiz, ao autorizar a operação.
PROCESSANDO LULA – É também o juiz Vallisney de Souza Oliveira que está processando o ex-presidente Lula, réu acusado pela compra do silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, juntamente com o ex-senador petista Delcídio Amaral, o banqueiro André Esteves, do BTG, e outros envolvidos.
Além disso, o magistrado está investigando outros crimes atribuídos ao ex-presidente. Um deles é o inquérito que apura a compra do silêncio do publicitário Marcos Valério no escândalo do Mensalão, com cumplicidade do ex-ministro Antonio Palocci e de Paulo Okamotto, que preside o Instituto Lula.
Por fim, há mais uma frente de investigação que envolve Lula e tem como origem um depoimento dado em 2012 por Valério, no qual o publicitário disse que a empresa Portugal Telecom pagou uma dívida de US$ 7 milhões do PT. Na época, a Polícia Federal e o Ministério Público abriram inquérito, mas acabaram pedindo arquivamento. No entanto, o juiz Vallisney decidiu determinar a retomada da investigação.
OPERAÇÃO ZELOTES – Também a Operação Zelotes, que descobriu um poderoso esquema de vendas de MPs e atingiu em cheio o ex-presidente Lula e seu filho Luís Cláudio, está nas mãos de Vallisney, na 10a. Vara Federal Criminal de Brasília.
Portanto, não adianta fugir do juiz Sergio Moro, porque ele não está mais sozinho em sua obstinada tarefa de passar a limpo a administração pública deste país, a partir de um prosaico posto de gasolina em Brasília, que fazia lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Yousef e originou o nome da história operação da Polícia Federal.
O fato mais auspicioso é que as novas gerações da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal estão dando uma lição ao país, mostrando que nem tudo está perdido e podemos almejar um Brasil melhor e mais limpo.
06 de setembro de 2016
Carlos Newton
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