O vandalismo tem sido a marca da maioria das manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff e o governo de Michel Temer em todo o país.
Os bárbaros não diferenciam patrimônio público e privado, pichando e depredando instalações e veículos de transporte coletivo, concessionárias de automóveis, fachadas de bancos e outros estabelecimentos, além de entidades como a Fiep.
Em Florianópolis (SC), empresas pertencentes a membros do Movimento Brasil Livre foram atingidas.
Jornais também foram alvo do quebra-quebra: em São Paulo, a sede da Folha de S.Paulo foi vandalizada na noite do dia 31 de agosto, data em que foi aprovada a cassação de Dilma; esta Gazeta do Povo foi atacada pelos vândalos na noite seguinte. No domingo, em Curitiba, a sede do PMDB, partido de Temer, foi pichada e apedrejada.
Algumas lideranças dos protestos “fora Temer” têm até procurado se distanciar dos baderneiros ultimamente, cientes de que jamais conseguirão algum apoio popular se suas manifestações sempre acabarem em violência.
Esse distanciamento, no entanto, não tem impedido que a proverbial “minoria de vândalos” consiga sempre se impor contra uma maioria que se diz pacífica e avessa à violência nos protestos.
De qualquer maneira, como ignorar que a esquerda tem sido a maior patrocinadora da estratégia do quebra-quebra? Existe todo um arcabouço intelectual construído para defender ações violentas com fins “revolucionários”.
Seus expoentes estão tanto no exterior, como o esloveno Slavoj Zizek, quanto dentro do Brasil, lecionando em universidades de prestígio como a USP e a Fundação Getulio Vargas. Aliás, falando no sistema educacional, é digno de lembrança o episódio de outubro de 2013, em que black blocs e professores em greve marcharam lado a lado no Rio de Janeiro. Aos “pensadores” se juntam artistas que também já defenderam os black blocs, como Caetano Veloso e Marcelo D2.
Num nível mais rasteiro, sem a roupagem intelectual de um Zizek, a violência é igualmente incentivada por alguns dos principais nomes da esquerda brasileira.
Se recordamos à exaustão os casos do ex-presidente Lula, que invocou o “exército de Stédile”; do presidente da CUT, Vágner Freitas, que falou em “armas na mão se tentarem derrubar a presidenta” diante da ex-presidente Dilma em pleno Palácio do Planalto; ou do chefão do MTST, Guilherme Boulos, que prometeu “não haver um dia de paz” no Brasil se o impeachment passasse, é porque a esses episódios ainda não foi dada a importância devida.
Aqueles que agora tentam se distanciar do vandalismo já foram seus incentivadores – e continuam sendo, a julgar pelo que o humorista Gregório Duvivier escreveu na Folha de S.Paulo desta segunda-feira, afirmando que black blocs não passam de “adolescentes desarmados” e alegando que o verdadeiro problema é quem pede ação enérgica contra a baderna.
E, já que mencionamos a resposta estatal ao quebra-quebra, não podemos deixar de comentar também a atuação que esperamos da polícia durante as manifestações que incluem vandalismo.
Há dois extremos que é imprescindível evitar: um deles é a omissão pura e simples, que tem como consequência o estímulo a futuros atos de vandalismo – afinal, a impunidade é um dos mais poderosos motores para a criminalidade.
O outro é a ação que iguala injustamente os baderneiros aos demais brasileiros que estão apenas exercendo seu direito legítimo de se manifestar.
Das polícias, em todas as unidades da federação, esperamos a ação inteligente e eficaz que possa impedir o vandalismo, ou ao menos que não deixe impunes os responsáveis pelo quebra-quebra. Assim, a democracia acabará fortalecida: o direito à manifestação estará garantido, ao mesmo tempo em que a população, livre dos bárbaros depredadores, se verá protegida em seus demais direitos.
06 de setembro de 2016
Editorial Gazeta do Povo, PR
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