"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

PATÉTICO ESPETÁCULO: RÉUS NOTÓRIOS NA POSSE DA PRESIDENTE DO STF



"Patético espetáculo" é o título do artigo publicado pelo historiador Marco Antônio Villa na revista Istoé desta semana. Além de patético, foi uma afronta aos brasileiros:


A cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do STF permite algumas reflexões. É injustificável a presença de personagens identificados com o que há de pior no Brasil. Lula, considerado pela Procuradoria Geral da República como o chefe do petrolão, lá estava. Meio de lado, isolado, mas presente. Foi uma afronta. Afinal, há uma quinzena, ele vociferou contra o que considerou golpe, o julgamento do impeachment presidido por Ricardo Lewandowski. Próximo a Lula, Fernando Pimentel, outro acusado em graves irregularidades. E completando o trio, que trata a coisa pública como coisa privada, o ínclito Renan Calheiros, investigado em uma dúzia de inquéritos e símbolo da impunidade senatorial.


Mas o que já era ruim ficou pior. Caetano Veloso cantou o Hino Nacional. Mais um momento constrangedor. Em Paris, recentemente, o cantor protagonizou um triste espetáculo. Num show declarou que no Brasil “fora Temer” tinha se transformado em uma forma de cumprimento. Ou seja, acusou que o impeachment foi um golpe. Se o STF é o guardião da Constituição, explicitamente considerou a Suprema Corte golpista. Mesmo assim, não se sentiu constrangido em participar da cerimônia. Pior, foi convidado pela presidente do STF.


Ex-ministros do STF não se fizeram de rogados. Lá compareceram, mesmo advogando na Corte. Às favas, a ética. Na cerimônia de beija-mão, longos cumprimentos. As mulheres desfilaram com vestidos e bolsas caras – algumas dando a impressão de serem falsas, as bolsas, claro. O plenário do STF se transformou em clube de amigos, de poderosos amigos dos três Poderes. Apesar da menção ao povo, ele estava ausente. Naquela hora labutava para pagar a inútil cerimônia. E sonhava que um dia haverá justiça no Brasil.


A posse de um presidente do STF é um ato burocrático. Não passa de um dispositivo regimental daquela Casa, o artigo 12, que dispõe sobre a rotatividade do cargo a cada biênio. Não há justificativa para aquele espetáculo. Perdeu-se tempo, isso em um tribunal que justifica a lentidão das suas decisões em razão do acúmulo de processos. Diria o otimista que, desta vez, diversamente da posse de Joaquim Barbosa, Luiz Fux não tocou guitarra, nem cantou Tim Maia. Menos mal, é verdade. Mas uma coisa não mudou: a praça dos Três Poderes continua de costas para o País.

20 de setembro de 2016
Marco Antonio Villa, IstoÉ


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