"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O BOTE DA CASCÁVEL

Brasília – O Meirelles, da Fazenda, está igual a uma cascavel faminta que se encolhe no mato para dar o bote no calcanhar do caçador (o contribuinte). O ministro vem anunciando que remédios amargos virão para corrigir os rumos da economia e provocar a retomada do crescimento, se a receita não melhorar. Para isso, é obvio, o contribuinte vai ser convocado para compensar a incompetência do governo, o que mostra que o novo comandante da Fazenda procura o caminho mais fácil para reduzir o déficit fiscal: aumentar impostos e sacrificar o trabalhador à semelhança do que fizeram outros governos. Se é para continuar apertando o cinturão do povo que se mude a estratégia – ou quem sabe, o próprio ministro.

O ministro também fala em vender estatais, desinchar a máquina pública e queimar as gorduras. Até concordo, desde que não entregue o filé mignon das empresas aos estrangeiros. Se é para modernizar a economia, que a tire das amarras do estado o monstro perverso do subdesenvolvimento e do atraso. A formação de banqueiro de Meirelles o remete à insensibilidade social. Ele pensa e age como autêntico capitalista: frio, pragmático e sagaz. Portanto, o Brasil precisa ficar de olhos bem abertos na sua intenção de reorganizar a economia destroçada, herança maldita do PT.

A cascavel ainda está enroscada no próprio corpo, mas já dá sinais de que a qualquer momento pode atacar. Acredito que isso deverá ocorrer ainda este mês quando o Temer se firmar como presidente, depois da votação final do impeachment. O brasileiro, que já trabalha quatro meses do ano para pagar impostos, certamente não vai aceitar que a cobra devore o seu salário e esvazie o resto da comida que ainda existe no prato.

O réptil venenoso não está brincando quando faz a ameaça de aumentar os impostos. Veja como ele se prepara para o bote: “Vamos analisar primeiro as receitas públicas previstas para ocorrer no ano que vem e o possível ingresso de recursos com privatizações, concessões e outorgas. Se necessário, em último caso, nós faremos aumentos pontuais de impostos que sejam de fato, de verdade, temporários, porque a carga tributária é muito elevada. Temos até o dia 31 de agosto para apresentar a proposta do orçamento”.

O Brasil não precisa de ministro para aumentar tributos. Qualquer burocrata, sem ideia ou iniciativa, de cabeça vazia, é capaz de fazer isso. Basta uma canetada e pronto. O governo precisa, sobretudo, modernizar o estado, frear a corrupção, cortar custos, demitir comissionados, reduzir o custeio e otimizar as empresas públicas, muitas delas paquidermianas, cabides de empregos para os apaniguados de políticos. Para adotar essas medidas tão elementares não é preciso ser graduado em Harvard ou ter PHD em economia. Qualquer estagiário sabe fazer isso.

Tenho dito que o Temer precisa ser mais criativo nas mudanças para não parecer apenas o vice da Dilma no comando do governo. E uma ação efetiva evidentemente não passa por aumento de impostos, pelo reajuste do Bolsa Família nem pelo aumento do servidor público, especialmente do poder judiciário numa clara cooptação da Justiça. Até o momento o Brasil não viu nenhuma atitude mais arrojada de Temer que leve os brasileiros a acreditarem numa mudança radical em relação ao governo corrupto do PT. As estatais ainda são administradas pela mesma organização criminosa que devorou o dinheiro público e mantém todos os cargos de primeiro e segundo escalões. Se não fizer uma cuidadosa assepsia, o cancro da corrupção ainda vai corroer os cofres públicos porque os petistas continuam ativos no comandado das licitações que envolvem uma montanha de dinheiro.



09 de agosto de 2016
Jorge Oliveira

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