Todo o Brasil atendeu ao chamamento festivo para o acendimento da pira olímpica. Ou junto à tela, acompanhado das famílias, ou presente no Maracanã, onde o carioca, irreverente, apupou gratuitamente o presidente da República, presente a seu dever de declarar para o planeta a abertura dos jogos.
A chama continua ardente, na praça e no espírito dos brasileiros, muito orgulhosos de o Rio sediar a XXXI olimpíada da era moderna. Um feito de deslumbramento, para o qual se voltaram todos os olhos do mundo. A imprensa internacional não poupou merecidos elogios ao espetáculo. Nesta hora de alegria o povo se acalma e remove suas preocupações para depois da festa.
Entre tais atrações assim a enfeitiçar o espírito dos brasileiros, atentos aos movimentos, quem sabe mágicos dos jogos, aqueles que não poderão dar a si um tempo para também acompanhar o certame tão aguardado são os integrantes da zelosa equipe do Departamento de Polícia Federal,
principalmente os agentes que se encontram envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato. Pois este quadro de ágeis servidores está há 13 anos de frente para um tsunami assustador, ainda em curso neste país, em que se investigam as causas e os autores que lhe deram forma e força, trepidando o fenômeno entre as esferas da administração pública e nas poderosas e tradicionais organizações privadas de prestação de serviços de infraestrutura, especialmente.
De envolta na espiral que arrasa a nação estão os beneficiários deste acontecimento tempestuoso dado a conhecer em 2004, cujos números e atos assustadores compuseram o escândalo do mensalão. Até 21 do corrente mês, quando findam as Olimpíadas, os brasileiros fixam sua atenção em Neymar, no desespero vão de aplacar recentes amarguras de nosso (outrora) glorioso esquadrão.
E até lá, espera-se, continua a nossa operosa equipe policial federal esquadrinhando e investigando, intensamente, pelo menos, 19 grandes investimentos brasileiros que orçaram, inicialmente, 93,74 bilhões de reais, mas já somam a importância estupenda de 256,44 bilhões de desembolso, entre eles a Usina Nuclear Angra 3 com uma diferença de 7,2 bilhões em relação ao valor inicial, a Hidrelétrica de Belo Monte (idem 23,3 bilhões), a Refinaria Abreu Lima (idem 31,7 bilhões) e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (idem 85,3 bilhões).
Convenhamos, leitores, há um extenso e duro trabalho a cumprir, e pelo andar da carruagem não estará o Brasil passado a limpo a curto prazo, sem considerar as minas surgidas no curso das investigações, que explodem a todo momento.
A corporação federal está, deste modo, enfrentando outras olimpíadas, as olimpíadas do mal, em que dragões, serpentes e outros monstros travam com ela cerrada batalha.
Os golpes hábeis dos maus, dos quais os bons combatentes se desviam com suas espadas e chuços da era moderna, atrasam, é certo, a empreitada, pois os organizadores deste certame do mal souberam dispor suas forças com extrema astúcia, assentada em longa experiência, e cuidaram em desfazer pistas ou indícios, que se conjugaram para iludir quem os fosse combater.
Assim, duas olimpíadas se sucedem em nossa tranquila terra. Uma a enaltecer, pelo esporte, a paz entre as nações. A outra, cuja pira se encontra acesa há muito tempo, arde para iluminar as trevas e as armadilhas do mal, em defesa do Brasil e dos brasileiros.
09 de agosto de 2016
José Maria Couto Moreira é advogado.
Assim, duas olimpíadas se sucedem em nossa tranquila terra. Uma a enaltecer, pelo esporte, a paz entre as nações. A outra, cuja pira se encontra acesa há muito tempo, arde para iluminar as trevas e as armadilhas do mal, em defesa do Brasil e dos brasileiros.
09 de agosto de 2016
José Maria Couto Moreira é advogado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário