"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

SANTANA: SE TIVESSE O MESMO RIGOR COM TODOS, DARIA UMA FILA DAQUI ATÉ MANAUS

MARQUETEIRO DO PT DIZ QUE 98% DAS CAMPANHAS NO BRASIL TÊM CAIXA 2

JOÃO SANTANA PEDE 'PROPORCIONALIDADE' AO JUIZ DA LAVA JATO (FOTO: GIULIANO GOMES/ESTADÃO CONTEÚDO)


Um dos principais marqueteiros do Brasil e também com grande experiência no exterior, João Santana fez nesta quinta-feira, 21, um “desabafo” ao juiz Sérgio Moro e disse que 98% das campanhas no País, de todos os tamanhos, utilizam caixa dois e que milhões de brasileiros receberam dinheiro ilícito ao trabalhar nelas.

“Se tivesse o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas pessoas, seria uma fila (de presos) que sai de mim aqui ininterruptamente, batia em Brasilia e Manaus, podia ser fotografada de satélites”, afirmou o marqueteiro que disse que o marketing político não é a causa da corrupção e das irregularidades eleitorais e ainda pediu “proporcionalidade” ao juiz da Lava Jato.

“Quero é que o senhor, que esse juízo, consiga resolver essa contradição de peso, esse desbalancear”, afirmou o marqueteiro ao final de seu depoimento de quase uma hora.

Questionado se o episódio do mensalão – que prendeu a cúpula do PT e de outros partidos – não serviu para diminuir a “prática de mercado” do caixa dois, João Santana afirmou que a “ânsia de vencer” dos partidos acabou falando mais alto mesmo após o julgamento histórico. “Ali já era um momento de reflexão, alguns tentaram, eu próprio tentei (acabar com o caixa dois), e havia pessoas dentro do próprio partido preocupadas com isso, mas a disputa politica é uma guerra, a ânsia de vencer leva a esse comportamento”, afirmou.

‘Único’. Além de generalizar a prática de caixa dois, João Santana usou em seu depoimento vários argumentos para tentar se diferenciar dos outros, mostrar sua “inconformidade” com a prática, e afirmar que nunca trabalhou para governos ou estatais.

“Sou o único marqueteiro de destaque que não pleiteou conta em governo que não fez agência de propaganda paralela, e fui criticado duramente por isso”, disse. “No Brasil nunca tive contas com governo, com estatais, recusei sistematicamente. Se quisesse poderia ter tido”, seguiu o marqueteiro que lembrou já ter convivido proximamente com cinco presidentes da República, sem dizer quais.

“Convivi com 5 presidentes da República com grau de razoável confiança, para não dizer intimidade, e nunca fiz nenhum pedido a eles de natureza pessoal e política, talvez até isso tenha ajudado minha relação de confiança com eles”, afirmou.

Santana responde a duas ações penais na Lava Jato, acusado de receber US$ 4,5 milhões do operador de propinas na Petrobrás Zwi Skornicki que seriam referentes à cota do PT no acerto de propinas no esquema de corrupção na Petrobrás. Na segunda denúncia ele é acusado de receber US$ 6,4 milhões no exterior e R$ 23 milhões no Brasil do “departamento de propinas” da Odebrecht.

Os repasses nesta segunda denúncia, contudo, não têm relação com a Petrobrás. O marqueteiro disse que os US$ 4,5 milhões recebidos por Zwi seriam referentes ao acerto de uma dívida de caixa 2 de campanha de Dilma em 2010, mas negou enfaticamente qualquer envolvimento com a corrupção na Petrobrás. Em relação a segunda denúncia, Santana ainda não quis se manifestar. (AE)



22 de julho de 2016
diário do poder

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