Fotomontagem sem autoria, reprodução do Arquivo Google |
O engenheiro Zwi Skornicki, apontado na Operação Lava Jato como operador de propinas do esquema Petrobrás, declarou ao juiz federal Sérgio Moro ter pago US$ 4,5 milhões ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, entre 2013 e 2014. Ele revelou a existência de uma ‘conta-corrente’ por meio da qual repassava valores ilícitos a ex-dirigentes da Petrobrás e a credores do PT por indicação do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Em depoimento nesta quinta-feira, 21, Zwi afirmou que ‘acertou’ os repasses diretamente com Vaccari – preso e já condenado na Lava Jato.
Zwi disse, porém, que ‘não sabia’ que os valores depositados em conta secreta do casal de marqueteiros na Suíça eram relativos à dívida de campanha da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2010. Mônica Moura e João Santana declararam, também nesta quinta a Moro, que receberam US$ 4,5 milhões relativos a dívida da campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010.
Zwi assinou acordo de delação premiada, que ainda não foi homologado pelo juiz Moro. Ele foi ouvido como ‘colaborador’, com o compromisso de dizer a verdade. Afirmou que pagou propinas em todos os contratos referentes às Plataformas P51 e P52 ‘com o conhecimento de que ia para agentes das Petrobrás’.
BARUSCO E DUQUE – Contou que também ‘tratou diretamente’ sobre valores ilícitos com Pedro Barusco e Renato Duque, respectivamente ex-gerente de Engenharia e ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera. Barusco fez delação e está em liberdade. Duque continua preso. Segundo Zwi Skornick, foi dito a ele que que 50% da propina sobre contratos da Petrobrás ‘iam para o partido’.
Relatou que ‘tratava da parte do partido com João Vaccari’.
Segundo Zwi, foi o então tesoureiro do PT quem indicou o nome de Mônica Moura para que pagasse a ela parte da propina. Mônica indicou a ele a conta Shellbill para receber o dinheiro. Ele afirmou que os US$ 4,5 milhões que entregou aos marqueteiros de Lula e Dilma tiveram oriegem em ‘propina da Petrobrás’.
“Foi feita uma conta corrente do sr. Vaccari”, declarou. “O Barusco quem me apresentou a ele. O Barusco disse que ele (Vaccari) faria a coordenação desses recebimentos.”
ENCONTROS COM VACCARI – O delator contou que manteve encontros pessoais com Vaccari, ‘algumas vezes em seu escritório ou no hotel onde ele (Vaccari) ficava’.
“Essa conta corrente foi feita e sendo paga a pessoas que o sr. Vaccari ia indicando no exterior ou no Brasil”, afirmou Zwi Skornicki. “Os pagamentos eram todos autorizados pelo sr. João Vaccari.”
“Numa das visitas do sr. Vaccari no meu escritório ele disse que tinha que fazer uns pagamentos para o sr. João Santana e para Mônica Moura e que a Mônica iria me procurar. Ela esteve no meu escritório.”
O valor ‘combinado’ e autorizado por Vaccari era de US$ 5 milhões. “Eu disse a ela (Mônica) que não tinha como pagar de uma vez porque o que tinha de saldo dos contratos da Petrobrás não era suficiente. Ficou combinado (o pagamento) em 10 parcelas de 500 mil dólares. Foi uma conversa muito curta, ela chegou no meu escritório e disse ‘vim aqui a mando do sr. Vaccari, gostaria de acertar com o sr. o pagamento’. Eu comentei que não poderia pagar de uma vez. Paguei só 9 de 500 mil até novembro de 2014. Mas ela (Mônica) nunca comentou porque tinha que receber os 5 milhões.”
Ele revelou como a conta corrente era abastecida. “A conta corrente abrangia contratos da Petrobrás e da Sete Brasil.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A presidente afastada Dilma Rousseff nega ter autorizado o pagamento via caixa dois, a Assessoria do PT diz que nunca houve caixa dois, Lula afirma que não sabia de nada, e o advogado de Vaccari alega que as afirmações de Zwi Skornicki, Mônica Moura e João Santana perante o juiz Sérgio Moro não são confiáveis por ele querem forçar a delação. Ou seja, os depoentes se autoacusam propositadamente, com tudo combinado para que as acusações que se complementem, e tudo isso só para prejudicar Dilma, o PT e Vaccari. É muita perversidade. (C.N.)
22 de julho de 2016
Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Estadão
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