"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

O DIA 'D' E O SENADO




Dentro de dois ou três meses, pouco mais ou menos, estaremos vivendo um momento decisivo para o futuro do Brasil. Falo, é claro, do dia D do processo de impeachment que até aqui determinou o afastamento provisório da presidente da República. Para D+1, apenas uma das alternativas: a volta ao que se foi ou a consolidação da indicação do presidente interino à frente do governo de transição que culminará com as eleições gerais de 2018.

Desde já uma constatação: o rito do processo, nos moldes atuais, carece de total revisão. Senão vejamos:

É absurda a situação que vivemos, um governo provisório acovardado, sem a necessária autonomia para adotar as medidas realmente necessárias ao reequilíbrio do País, e o outro, o responsável pela catástrofe, mantendo poderes que lhe são assegurados para seguir, por todo o longo tempo do seu impedimento, influenciando negativamente na ação do seu substituto. E a Nação sangrando, pois o que prevalece é o princípio do quanto pior melhor.

Claro que as dificuldades do governo Temer têm a ver, sobretudo, é com o alarmante nível de degradação ética e moral que se instalou no meio político.

O Senado, por exemplo, que com expressiva maioria de votos determinou o afastamento de Dilma, e a quem está entregue a responsabilidade do veredito final, é hoje integrado, quase que totalmente, por investigados na Lava Jato e em outras instâncias da Justiça por conta do cometimento de atos ilegais ou criminosos no exercício da função legislativa.

Apoiam o atual presidente, mas nem sempre por razões justas. São venais, seus arranjos estão, via de regra, ligados a escusos interesses pessoais. Dentre eles o de livrarem-se da cadeia. Alguns, agora ameaçados pelas malhas da Lei, manifestam a intenção de rever seus votos. Homens sem o menor princípio. A situação é muito pouco clara.

É inegável que independente das pedaladas fiscais e de outros atos ilegais que a presidente processada praticou na sua gestão, o que pesou, de fato, para a decisão maciça do Congresso pelo seu afastamento, foi o fato de ela ter perdido as condições de governabilidade. E isso é fatal. Não adianta vir com a história de que isso só vale para o sistema parlamentar. Não é assim.

Um governante repudiado pela nação, sem uma base política, desacreditado internacionalmente, com a economia em frangalhos e o risco de caos social não se sustenta em nenhum regime. Esse era o caso de Dilma. E continuará sendo assim em qualquer tempo, depois do seu exílio no Alvorada. Tal nível de desgaste é irremediável.

O presidente interino não chega a ser o líder que sonhamos, mas ele é a esperança disponível para a travessia desse período negro da nossa história política e garantir, num clima de relativa Paz, as eleições gerais de 2018. E aí que se ouça a voz da sociedade. E que tenhamos juízo.

A volta ao que ficou para trás, possível tem que se admitir, é o caminho certo para o desastre. Basta voltar nossas vistas para a vizinha Venezuela, principal parceira do lulopetismo. Deus livre nosso Brasil.

A instituição Senado e seus senadores tenham a certeza de que, nesse caso, a Nação não os perdoará. Que tenham um rasgo de patriotismo ou preparem, todos, seus epitáfios políticos. O que virá depois de D+1 está nas mãos deles e será de sua inteira responsabilidade.



08 de junho de 2016
Gilberto Pimentel, General, é Presidente do Clube Militar.

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