"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

GOVERNO DE TEMER ESTÁ INDO MAL E O GOVERNO DE MEIRELLES PARECE QUE VAI BEM



Temer e Meirelles estão fazendo um governo compartilhado
















Já comentamos aqui na Tribuna da Internet que o Brasil já teve governos republicanos compartilhados, especialmente as gestões de Delfim Moreira e Mello Franco, de João Goulart e Tancredo Neves (depois Brochado da Rocha) e de Dilma Rousseff e Lula da Silva. Houve outros compartilhamentos, como a junta militar que assumiu quando Costa e Silva ficou incapacitado, mas os principais comandos bipolares realmente ocorreram com Delfim Moreira, que tinha programas mentais e o ministro Mello Franco teve de assumir de fato, não de direito; com Jango, que era presidente, mas o governo foi dividido com os primeiros-ministros Tancredo e Brochado; e com Dilma Rousseff, pois em seus dois primeiros anos de governo quem mandava era Lula, até ela conseguir se emancipar, depois que o ex-presidente foi atingido pelo câncer e pelo escândalo da amante oficial, sustentada com recursos públicos.
TEMER E MEIRELLES
Desta vez o compartilhamento ocorre entre Michel Temer e Henrique Meirelles, que atua como se fosse um premier econômico/financeiro. Ou seja, o presidente toca a seu jeito o governo sob o aspecto político e administrativo, enquanto o ministro da Fazenda conduz as finanças com plena autonomia.
Quase um mês depois da troca de guarda, já se pode fazer o primeiro balanço. Todos percebem que o governo de Temer está indo mal, com problemas de toda sorte, nem é preciso se estender sobre esse assunto, mas a gestão conduzida por Meirelles parece que está indo bem, até porque a grande mídia simplesmente não se interessa em destacar o que acontece na economia.
SITUAÇÃO PARADOXAL
O simples fato de a economia se livrar de incompetentes como Guido Mantega, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, por incrível que pareça, já foi suficiente para animar o mercado.  Essa recuperação do otimismo é positiva, mas não resolve nada, se não houver medidas práticas.
O Brasil está vivendo uma crise econômica gravíssima, cujo epicentro se localiza no descontrole da dívida pública. Na verdade, até agora Meirelles pouco fez e ninguém parece se preocupar com os ajustes que ele terá de fazer para eliminar o déficit público e estancar a sangria.
O fato concreto é que o governo compartilhado de Temer e Meirelles ainda não decolou. Pelo contrário, apenas se adaptou à crise, ao conseguiu que o Congresso o liberasse de obter saldo positivo no caixa do Tesouro Nacional, com autorização para fechar 2016 com um déficit de até R$ 170,5 bilhões, sem cortar gastos com juros. E entrando nesse embalo, o governo Michel Temer já elevou em R$ 38,5 bilhões a previsão de despesas para o ano.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
Vai melhorar ou piorar? Que solução será dada à dívida pública? Quais os ajustes que realmente devem ser feitos? São dúvidas importantes e sem respostas.
É preciso discutir a crise econômica em profundidade, incessantemente. Mas ninguém parece se interessar.  É como se o problema fosse exclusivamente de Meirelles, ele que se vire e resolva.
Portanto, a tradução simultânea acerca dessa crise absurdamente grave só pode ser feita pelo próprio Meirelles, pois ninguém sabe o que se passa na cabeça dele. Mas podemos afirmar, nem medo de cometer erro, que os banqueiros não serão convocados a contribuir com nenhuma cota de sacrifício. Pelo contrário, seus interesses serão preservados.
AS APARÊNCIAS ENGANAM
Enquanto Temer se enreda em si mesmo e na sua convivência com os inimigos da Lava Jato que ainda permanecem em seu governo, a parte que cabe a Meirelles nesse latifúndio governamental parece estar indo bem. Mas todos sabem que as aparências quase sempre nos enganam.

08 de junho de 2016
Carlos Newton

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