"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 21 de junho de 2016

A SÍNDROME DE RESPONSABILIDADE NO PAÍS DOS IRRESPONSÁVEIS



Alguns defeitos, de certas pessoas ou sociedades, parecem, às vezes, se incorporar a toda cultura, ao governo ...e a uma maneira de ser e de pensar..

A aproximação dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro despertou, em certas instituições brasileiras, uma nova Síndrome, um novo conjunto de sinais e sintomas que eu vou chamar de “Síndrome de Responsabilidade” (SR) e que anda junto com aquilo que um dia eu defini como “Egoísmo Solidário” - a capacidade do brasileiro sair pela rua aos berros dizendo que “ama todo mundo” e sequer chamar a polícia quando a casa do vizinho é arrombada (afinal, isso não é problema dele, e ele “não quer se incomodar”)

A SR de um governo e, no nosso caso, de toda cultura, desperta em qualquer observador dotado de honestidade intelectual aquela sensação de mal-estar, aquele desconforto produzido pelo convívio com gente afetada, que tenta demonstrar o que não tem, o que não é...o que não pode e que jamais vai ser...

Não é fácil fazer a crítica da SR num país com duzentos milhões de “psicanalistas pós-regime militar”. Todos vão dizer que sofremos de “complexo de vira-latas”, que estamos nos “depreciando” ou “fantasiando a respeito das condições de vida fora do Brasil". Tudo para que não caiamos no “baixo astral”, na “depressão”...no “fundo do posso” que o Brasil, durante toda sua história tentou evitar porque “aqui é um país tropical e abençoado por Deus”

Vamos aos fatos:

1. nos últimos dias, o governador do Estado do Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública em função da situação econômica do Estado.

2. O Conselho Federal de Medicina dirigiu-se à sociedade e ao meio médico “alertando” sobre as condições de saúde pública no Rio de Janeiro.

3. A Agência Brasileira de Informações, ABIN, veio à tona falando em risco de terrorismo no Brasil e, inclusive, definindo um “alerta de nível quatro” para as olimpíadas que se aproximam.

O que estas manifestações tem em comum? São todas intempestivas, sem repercussão nenhuma e visam, antes de tudo, atender a mais brasileira de todas as necessidades – preocupar-se com os problemas das sociedades avançadas e responsáveis para que possa parecer, ela mesma, uma delas !

As finanças do Estado do Rio de Janeiro e dos demais estados da federação vem sendo destruídas pelo projeto criminoso de poder que governa o Brasil desde 2003 com a mais nojenta, corrupta e criminosa de todas as organizações brasileiras – o Partido dos Trabalhadores.

A cidade do Rio de Janeiro é, há décadas, controlada pelo narcotráfico e, mais recentemente, pelas milícias que formam a banda podre da polícia civil e militar.

A rede hospitalar brasileira vem sendo destruída desde 1990 quando médicos e enfermeiras canalhas e comunistas chegaram ao topo da cadeia de comando na Saúde Pública do Brasil. Não existe mais condição de atender NINGUÉM no Brasil seja com ou sem Olimpíada no Rio de Janeiro.

As emergências são campos de concentração onde os menos doentes (médicos) atendem os mais doentes (pacientes) e estrangeiros entram no Brasil para praticar a Medicina à revelia do Conselho Federal sem comprovar, sequer, se são médicos ! Isso foi assim com Dilma e continua com Temer!

O Brasil não tem a mínima condição de controlar fronteiras, investir em inteligência das forças armadas, ou desenvolver um programa próprio de medidas contra ataques terroristas. Segurança Nacional não é assunto levado a sério no país desde o fim do Regime Militar !

É um absurdo falar em “risco de atentado” quando não se tem condição de controlar a entrada de fuzis de guerra e cocaína num país gigantesco como o nosso e onde o terror - que a imprensa vagabunda chama aqui de “questão da violência como um todo” - já se tornou cotidiano na vida dos brasileiros.

Não faz sentido falar em terrorismo num país que vive um genocídio com mais de 60.000 assassinatos por ano, com a população completamente desarmada, sem polícia nas ruas e com um governo que defende criminosos a todo custo !

A “chave de ouro” para fechar o diagnóstico da SR só pode vir mesmo de um senador petista, corrupto até a alma, um bobalhão que pintava a cara para derrubar Collor em 92, ao declarar, na Comissão de Impeachment de uma chefe de quadrilha, que “o neoliberalismo foi implantado pela primeira vez na China com Pinochet.”

A presença de um sujeito desse nível dentro do Senado Federal é a manifestação máxima da irresponsabilidade de toda nação e o sinal definitivo de que todos os tais “alertas” e “declarações de calamidade” pública são só manifestações de instituições ridículas que perderam, há muito tempo, todo contato com a realidade…

Realidade que agora, com “alerta” ou sem “alerta”, vem para cobrar seu preço no país dos irresponsáveis.

21 de junho de 2016
Milton Simon Pires é Médico.

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