Setenta e um anos após o final da última grande guerra, esta palavra volta ao noticiário, agora no Brasil. Já certa da derrota na batalha do impeachment, Dilma começou a preparar o desembarque do Planalto e a montar um “bunker da resistência” no Alvorada, segundo relato dos repórteres Marina Dias e Valdo Cruz, na Folha desta terça-feira.
Pergunto: vai resistir para quê, resistir contra quem, quais são os seus planos?
Até onde sei, nenhuma força inimiga está preparando um bombardeio sobre o Palácio do Planalto. A guerra política é travada no parlamento e nos tribunais, com acusação e defesa citando a Constituição Federal. Não há no horizonte, até onde minha vista alcança, aviões militares, canhões ou navios de guerra.
PLANOS AMBICIOSOS
São ambiciosos os planos de Dilma para o período em que ficará afastada do poder central. Em nada lembram a retirada discreta de Fernando Collor, quando caiu em 1992, esperando em silêncio e resignação, isolado na Casa da Dinda, pelo julgamento final. A quase ex-presidente quer montar uma estrutura de 15 assessores, mais seguranças, carros oficiais e um avião da FAB, além de manter todas as mordomias do Palácio da Alvorada.
Ao contrário de Collor, que deixou o Planalto pela porta dos fundos acompanhado apenas pela mulher, Dilma está pensando num final grandioso para a despedida, programada para o próximo dia 12, segundo o cronograma do Senado. Quer descer a rampa solenemente ao lado do que restou do ministério de seu desastrado governo que quebrou o País.
CAIR ATIRANDO…
Em seus atos de desespero nos últimos dias, a ainda presidente deixou claro que pretende cair atirando, para infernizar a vida do seu sucessor constitucional (e, por tabela, a de todos nós, que pagamos a conta), como fez no 1º de Maio, ao anunciar um “pacote de bondades” que aumenta as despesas e diminui a arrecadação, no apagar das luzes, deixando um rombo perto de R$ 100 bilhões nas contas públicas.
Mesmo que o possível governo Michel Temer fracasse em sua tentativa de ressuscitar a economia brasileira, é consenso no meio político, até no PT, que não há a menor chance de Dilma voltar ao cargo no final dos 180 dias de afastamento. Então, eu só gostaria de entender: para quê tudo isso? Para continuar repetindo ao Brasil e ao mundo que ela está sendo vítima de um “golpe”, colocando em risco a estabilidade institucional?
Jânio e Jango também ficaram esperando que as multidões saíssem às ruas para pedir a volta deles. Morreram esperando.
Vida que segue.
04 de maio de 2016
Ricardo Kotscho
Portal R7
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