"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A GRANDE RELEVÂNCIA DE UM DESTINO


Dizem alguns analistas políticos e econômicos que jamais existiria o impedimento de Dilma se a economia brasileira estivesse, ao menos, entrando num rumo que visasse a sua estabilidade. 

Admitindo-se que isso fosse verdadeiro, pergunto-me despretensiosamente: como podemos acreditar que um eventual novo mandatário para o País tenha realmente condições, em dois anos, pelo menos, de reverter esta gravíssima crise e naturalmente adquirir a legitimidade indispensável para governar?

Desejar e acreditar é instintivo em nós, seres humanos, quando nos encontramos acuados, aterrorizados e, consequentemente, fragilizados; em nosso caso brasileiro, em função de tudo o que estamos passando neste desgoverno de uma seita criminosa bem próxima à sua extinção, nos primeiros momentos de uma provável mudança no principal trono do Planalto. 
Acreditamos, inicialmente, ter chegado a uma sonhada solução, a qual, entretanto, poderá não passar de uma falsa sensação. 
Em pouco tempo, com certeza, após ter se esgotado aquela euforia momentânea, começará a renascer lentamente dentro de todos nós, as mesmas incertezas cultivadas em um passado bem próximo, podendo até mesmo brotar outras, pois elas parecem ser vigorosamente resistentes.

A situação das contas públicas é deplorável sob todos os aspectos conceituais das finanças públicas e é muito difícil encontrar um equilíbrio sólido no curto prazo. Afinal de contas, o nosso país encontra-se em ruínas, com seus pilares básicos de sustentabilidade literalmente destruídos pela imoralidade praticada e a sua reconstrução poderá trazer ainda mais dificuldades, especialmente quando as reformas exigidas terão que ser iniciadas a partir de suas frágeis estruturas, sendo obrigatório o máximo de cuidado para que os novos mestres de “obras” não venham a contribuir inescrupulosamente com mais desabamentos, levantando mais poeira dos seus escombros.

Sinto que a primeira e grande etapa dessa reconstrução terá que ser essencialmente na mente e nos corações traídos do povo brasileiro, que deverá estar amplamente consciente de que uma troca de governo não emite necessariamente um “certificado de garantia” de que ele será exitoso.

Não se trata somente de reconstruir, buscando deixar aparentemente tudo nos seus devidos lugares, visando somente readquirir a indispensável credibilidade perdida há tempos. Um bom início sempre é bem visto, mas não tenham dúvida, o que realmente poderá dar um real sentimento de previsibilidade é a reconstrução de uma política macroeconômica consistente que não esqueça a microeconomia e que tenha um engenheiro “responsável” para transmitir total confiabilidade nos seus projetos e nas suas “edificações” econômicas.

Existem bons nomes colocados na mídia para liderar esta desafiadora empreitada, mas a sua escolha tem que estar em plena consonância com a aceitação dos agentes econômicos em nosso ambiente interno, como também no externo, de forma a atrair um maior fluxo de investimentos.

Para tirar maior proveito deste cenário, parece-me importante dinamizar os leilões de concessões dos serviços públicos, apresentando regras firmes e demonstrando ao segmento empresarial um convincente retorno.

Indiscutivelmente, não podemos esperar que as contas públicas sejam imediatamente saneadas, diante do tamanho da deterioração a que foram irresponsavelmente levadas, situação nunca vista na história econômica desta nação. 
Com isso, o déficit deverá persistir a depender do ritmo da arrecadação, já que estamos enfrentando uma forte recessão. Mas, nessa questão, sinto que mais relevante do que os resultados obtidos, será o redirecionamento adotado e o panorama reversivo no curso perigoso da dívida pública. 
Se por acaso os agentes econômicos sentirem segurança e bons propósitos, identificando perspectivas favoráveis aos investimentos, eles virão no “vácuo”, atendendo às nossas demandas. 
É por isso mesmo que o encaminhamento de um programa de reformas terá uma função significativa a desempenhar neste contexto.

Se realmente viermos a ter um novo governo como vem se delineando, existem grandes possibilidades de ele contar com alguns pontos factíveis e extremamente positivos. Inicialmente, parece um pouco difícil a situação continuar piorando ainda mais; o outro ponto é a recuperação das contas externas e a continuidade da predisposição na queda da inflação, o que poderá favorecer substancialmente a nossa recuperação. 
Por último, a grande ociosidade identificada no imenso segmento produtivo, que favorece um crescimento relativamente rápido da produção sem exigir grandes investimentos antecipados.
Nisso tudo, ainda fica predominando, talvez, a maior das incertezas, que está inteiramente fincada nas raízes do jogo político, pelas grandes possibilidades de novas revelações que poderão acontecer através da Operação Lava Jato.
Portanto, admitindo-se que os insucessos na economia levam a vertente política a regredir, ou seja, quando ela apresenta bons resultados, a tendência é reforçar as exigências de bom desempenho na esfera governamental.

04 de maio de 2016
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).

Nenhum comentário:

Postar um comentário