"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O PREFEITO EDUARDO PAES E A AGRESSÃO DE UMA AUSÊNCIA NADA OLÍMPICA




Charge do Aroeira, reprodução de O Dia




















Pois é. Ancelmo Gois noticiou em sua coluna no Globo que o prefeito Eduardo Paes não foi a Brasília participar da chegada da Tocha Olímpica para não ter que se encontrar com a presidente Dilma Rousseff. 

Incrível. A que ponto desceu o nível dos administradores públicos brasileiros. O Rio é a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, a primeira Olimpíada a se realizar no Brasil. Marco Histórico na vida da cidade e, sobretudo, do país.
O prefeito esqueceu-se disso e expôs o governo a uma passagem vergonhosa. Confundiu os cargos com as pessoas. Dilma Rousseff ainda é a presidente da República. Eduardo Paes, prefeito da cidade do Rio de janeiro. O desempenho dos cargos públicos predomina sobre as pessoas que os ocupam. Eduardo Paes deve ter deixado perplexos os organizadores de mais uma página da história esportiva universal. 
Fatos como esse não passam rapidamente na visão e memória dos dirigentes olímpicos e dos governos das nações cujos atletas participam. 
Foi uma agressão desnecessária de um prefeito a uma presidente da República.
Não importa quem ocupe o Planalto. Tampouco que provavelmente a partir da semana que vem a presidência esteja ocupada por Michel Temer. Os governantes passam. O prefeito também vai passar depois das eleições deste ano. Os cargos ficam. Com eles a responsabilidade ética e administrativa.
ERA AMIGO DE DILMA…
Vale acentuar que até há bem pouco tempo, Eduardo Paes disputava ansioso, como tantos outros, um telefonema, uma atenção, uma audiência pública da presidente do país. Inclusive um diálogo telefônico com o ex-presidente Lula.
Tudo bem que tenha mudado de posição política. Mas fez muito mal em embaralhar as coisas e confundir posturas obrigatórias com indisposições que os colocaram em campos opostos.
Episódio lamentável, semelhante àquele que assinalou a saída do presidente João Figueiredo do governo, recusando-se a passar a faixa presidencial a José Sarney. 
Uma grosseria absolutamente desnecessária, da mesma forma que a ausência descabida do prefeito à chegada da flama olímpica a território brasileiro. 

Atitudes assim revelam, para pior, o caráter das pessoas que ocupam cargos públicos. Eduardo Paes poderia simplesmente inspirar-se no relacionamento entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e os deputados que a ele se dirigem habitualmente nas sessões parlamentares. 

Ataques do plenário não faltaram, mas sempre dirigidos ao presidente da Casa. Pois uma coisa é acusar alguém com base nos múltiplos motivos e acusações que se acumulam contra ele. Outra é desconhecer o cargo que ocupa.
AGREDIU AO PAÍS
Eduardo Paes errou. Mas na abertura dos jogos, a 5 de agosto, não se esquecerá de mencionar em seu inevitável discurso o nome do provável, e cada vez mais provável, presidente Michel Temer. 
Com o comportamento que adotou, ausentando-se de Brasília, numa passagem vinculada à história esportiva mundial, não agrediu somente a presidente da República, agrediu o próprio país.
Na medida em que, por falta de educação, destacou uma contradição entre o espírito olímpico de congregação dos povos e das nações, e uma atitude socialmente inadequada e, principalmente, desrespeitosa. Inclusive para consigo mesmo. A democracia não está somente nas urnas, mas na liberdade e na ética dos governantes.

04 de maio de 2016
Pedro do Coutto

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