"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de maio de 2016

MINISTROS TÊM QUE POSSUIR AFINIDADE COM OS CARGOS QUE VÃO EXERCER



Temer está errando muito na escolha de seus ministros


















Em sua coluna na Folha de São Paulo, edição de sábado, o intelectual Hélio Schwartsman criticou o quase presidente Michel Temer pela escolha do pastor da Igreja Universal Marcos Pereira para o Ministério da Ciência e Tecnologia. E acentuou no caso a falta de afinidade do futuro titular da Pasta com as matérias que ela envolve. Tem razão. Aliás, a crítica a meu ver não se restringe apenas ao pastor da Igreja Universal, mas a outras escolhas anunciadas na imprensa, que não deixam em situação favorável a visão do presidente que vai assumir provavelmente o Palácio do Planalto no dia 13 de maio.
O caso por exemplo do deputado Roberto Freire, ótimo nome mais para a Justiça do que para a Cultura. A Fazenda, entretanto, vale acentuar, será bem ocupada por Henrique Meirelles, uma pessoa extremamente vinculada ao setor que vai conduzir.
Outros nomes não apresentam a mesma conotação, a começar pela escolha de Romero Jucá para o Planejamento.
BASE POLÍTICA
Tem-se a impressão de que Michel Temer empenha-se em formar sua base política no Congresso sem levar em conta um projeto global voltado para o desenvolvimento econômico e social. É claro que ao formar uma equipe, qualquer presidente da República encontra dificuldades de selecionar os nomes, até porque os cargos são poucos para um volume natural e muito grande de pressões.
A qualidade, porém, deve prevalecer como fator decisivo, porque sem qualidade e nível adequado termina acontecendo o que sucedeu com a presidente Dilma Rousseff, que, não só escolheu Pansera para Ciência e Tecnologia, como Edinho Silva para Secretaria de Comunicação, uma figura diretamente envolvida na Operação Lava-Jato pelo seu desempenho ao receber doações de empresas destinadas para Caixa 2 de campanha eleitoral.
PROBLEMAS EVIDENTES
As dificuldades de Temer, entretanto não se esgotam apenas nas opções anunciada. Existem problemas políticos evidentes. Foi o caso da escolha de Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, para o Ministério da Justiça . Mariz de Oliveira foi um dos signatários do manifesto de 104 advogados fazendo críticas à atuação do juiz Sérgio Moro, publicada em jornais do país como matéria publicitária paga pela Odebrecht. Os advogados não tiveram cuidado indispensável de arcar com as despesas pelo próprio bolso.
Em seguida Michel Temer , amigo há mais de 30 anos de Mariz de Oliveira, convidou-o para ministro da Defesa, portanto, colocando em sua jurisdição o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. O convite saiu nos jornais de quarta-feira, mas na edição de sexta-feira de O Globo o jornalista Ilmar Franco publicou em sua coluna que o duplamente convidado por Temer, desta vez recusou o convite.
Possivelmente seu nome causou alguma reação contrária por seu posicionamento publicamente contrário ao desempenho do juiz titular da Justiça Federal de Curitiba.
ESCOLHAS MELHORES
Michel Temer deve considerar melhor as suas escolhas, uma vez que, ao assumir a 12 de maio, chefiará um governo provisório. Quanto ao afastamento de Dilma Rousseff por até seis meses, não existe dúvida. Mas de acordo com pesquisa publicada na Folha de São Paulo de sábado, uma coisa é decidir pelo afastamento provisório, outra é optar pela queda definitiva do poder.
Tanto assim que enquanto 51 senadores afirmam-se favoráveis à realização do julgamento, apenas 42 mostram-se favoráveis à condenação definitiva. Isso hoje. Amanhã pode mudar, claro. Porém é necessário considerar que para a condenação final são necessários 54 votos.

08 de maio de 2016
Pedro do Coutto

Nenhum comentário:

Postar um comentário