"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O RISCO DA DERROTA OU SALTAR DE BANDA


Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo




















O crime não é comprar um apartamento, mesmo de luxo, a preço incompatível com a renda do comprador. Crime é permitir que uma empreiteira envolvida em corrupção com dinheiro da Petrobras se encarregue das obras de reforma e complementação do imóvel, sem ônus para o proprietário. Fica evidente a relação entre a empresa e o beneficiário, em especial se ele foi presidente da República e favoreceu a outra parte flagrada pela Justiça praticando negócios ilícitos como superfaturamento de contratos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outros.
Sobre o Lula pesa a acusação de ocultação de patrimônio. É o que deve enfrentar, prestes a ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo. A empreiteira OAS assumiu a construção do empreendimento e entregou as chaves do imóvel ao ex-presidente da República sem que até agora ele tenha provado que pagou pelo serviço.
Cabe ao PT defender seu criador? Por questão de lealdade, não. Afinal, o partido nada tem a ver com as atividades privadas do Lula. As conferências que pronunciou, as viagens que fez ao exterior, financiadas por empresas cujos interesses defendeu junto a governos estrangeiros, incluem-se no rol das práticas contrárias à imagem que deveria preservar. A cada dia, como agora no caso do apartamento triplex no Guarujá, surgem novas denúncias de malfeitos debitados à ação irresponsável do Lula.
SERÁ CANDIDATO?
A pergunta que se faz é se, condenado ou não em longos e arrastados processos na Justiça, ele terá o respaldo dos companheiros para candidatar-se à sucessão de Dilma Rousseff, em 2018. Tudo indica que se tiver vontade, será lançado, mas enfrentará profunda reação de seus adversários. Precisará defender-se em cada palanque ou debate a que compareça. Correrá o risco de rejeição em suas próprias bases.
Será diante dessas dúvidas que o Lula decidirá. Claro que voltar a ser presidente constitui seu principal objetivo, mas disputar sem a certeza da vitória constituirá um risco. Ainda mais frente a uma performance mais do que sofrível da sucessora, que precisará contestar caso eleito. Há quem recomende que salte de banda, mesmo sem perspectiva de ser substituído por outro companheiro.
Em suma, o ex-presidente não está premido pelos fatos. Há tempo para decidir-se. Mas entre correr o risco da derrota ou saltar de banda, sempre haverá o sonho de reviver tempos que possivelmente não voltam mais.

26 de janeiro de 2016
Carlos Chagas

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