A nova prisão do ex-ministro José Dirceu, nesta segunda-feira (3), jogou um balde água fria na estratégia da direção petista de tentar resgatar, novamente, a imagem da legenda. Na quinta-feira, vai ao ar o programa do PT em rede nacional de rádio e TV. Para petistas, a segunda detenção de Dirceu, que já foi condenado no mensalão, dará munição para a reedição de panelaços durante a exibição do programa.
Petistas da cúpula da sigla afirmam que a prisão de Dirceu,agora durante as investigações da Lava Jato, tem o efeito de uma ”pá de cal” na já desgastada imagem do partido.
Dirigentes petistas já esperavam a prisão de Dirceu. Um membro da cúpula do PT disse à Folha que, apesar do desgaste à legenda, a prisão de Dirceu é “mais do mesmo”.
Além disso, avaliam, não há perspectiva a médio prazo de reabilitação do partido uma vez que Renato Duque, ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, prometeu provas aos investigadores da Operação Lava Jato, durante negociações para a delação premiada, sobre o esquema de corrupção que funcionava em sua área durante gestão na estatal.
As novas revelações de Duque, de acordo com os mesmos dirigentes petistas que falaram à reportagem, preocupam mais do que a segunda prisão de Dirceu.
APADRINHADO DE DIRCEU
Duque, que está preso, foi apadrinhado por Dirceu na estatal e é acusado de usar a diretoria para realizar operações financeiras junto ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ambos estão detidos em decorrência das investigações da Lava Jato.
Como a Folha revelou, o programa de quinta-feira será a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff aparecerá em rede nacional após o panelaço do dia 8 de março, durante discurso pelo Dia Internacional da Mulher.
A presidente cancelou pronunciamento do dia 1º de maio, pela primeira vez desde que assumiu o governo em 2010, por temer novos protestos. Também ficou fora do programa do PT do dia 5 de maio. A peça contou com o ex-presidente Lula e fala do presidente do PT, Rui Falcão, que foram alvos de panelaço.
Assessores palacianos afirmam que a decisão de expor a presidente ocorreu porque ela busca sair do isolamento político. A gravação é também um aceno à base petista e faz parte da operação de se reaproximar da legenda em meio à crise política.
As cenas, sob coordenação do marqueteiro João Santana, foram gravadas no último dia 25, em Brasília.
04 de agosto de 2015
Andréia Sadi e Natuza Nery
Folha
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