A ex-advogada Beatriz Catta Preta afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que renunciou à defesa dos delatores da Operação Lava Jato porque teme sofrer algum tipo de violência. “Sou ameaçada de forma velada, insistentemente, por pessoas que se utilizam da mídia para tanto, bem como pelas declarações de políticos membros da CPI“, afiançou.
Isso quer dizer que agora as ameaças se resumem realmente à CPI da Petrobras, não foram feitas diretamente à ex-advogada, não envolveram sua família e muito menos seus filhos. Ao contrário do que ela fez entender, ao afirmar que as ameaças eram veladas e cifradas, conforme declarou ao Jornal Nacional, nesta entrevista ao Estadão ela revela agora que as tais ameaças são feitas através da mídia ou em declarações de membros da CPI. Isso significa que as ameaças são públicas e podem ser facilmente encontradas nos arquivos das empresas de comunicação ou mesmo na internet.
Mas se todas essas supostas ameaças foram publicadas em jornais e revistas ou transmitidas por rádio e televisão, por que não causaram surpresa nem constrangimento a ninguém? Por que não houve a menor reação da opinião pública, porque a mídia e as autoridades policiais não perceberam nada?
APENAS ELA PERCEBEU…
Fica claro que apenas a experiente advogada Catta Beatriz Preta percebeu o perigo que havia por trás dessas declarações de membros da CPI. E ela se sentiu de tal forma perseguida que abandonou os clientes milionários, indenizou seus empregados, fechou o bem-sucedido escritório de advocacia em São Paulo, decidiu abandonar a profissão e viajou de férias para Miami, vejam a que ponto chegou o desespero desta desprotegida criatura, considerada uma das maiores criminalistas do país.
Por dever de ofício, tenho acompanhado as sessões da CPI da Petrobras e lido as entrevistas concedidas pelos integrantes aos principais jornais e revistas. Sinceramente, não li uma só declaração que contivesse ameaça à advogada, até porque a maioria dos deputados da comissão fazem oposição ao governo, querem derrubar Dilma Rousseff e não têm o menor interesse em atrapalhar as delações. Quanto aos deputados que permanecem na base aliada, que poderiam ter interesse em tumultuar a CPI e as delações, para tentar a anulação dos processos, também jamais vi nenhuma declaração que contivesse a menor ameaça à advogada, que até agora não mencionou os nomes de um só dos impiedosos parlamentares que a levaram a essa situação-limite.
MUITO ESTRANHO
É uma situação estranha. Lembrem que ao Jornal Nacional a advogada Catta Preta dissera que eram “ameaças veladas e cifradas”, fazendo crer que se tratava de mensagens misteriosas e secretas, cada um de nós as imaginava de um jeito. Agora, ao Estado de S. Paulo, ela revela que as ameaças vêm através de notícias na mídia e declarações de membros da CPI. E inclui até um advérbio de modo, ao afirmar que vem sendo ameaçada “insistentemente”.
Na tradução simultânea dessas entrevistas mal alinhavadas, tudo indica que o principal suspeito é o presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que deu a maioria das declarações a respeito da convocação de Catta Preta. E outro suspeito é o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), autor do pedido de convocação da advogada, aprovado por unanimidade na CPI.
Hugo Motta é um jovem médico paraibano, de apenas 25 anos, que está iniciando seu segundo mandato parlamentar, não assusta nem criança de pré-primário, como se dizia antigamente. E Celso Pansera, em primeiro mandato, é um belo exemplar de ilustre desconhecido, um professor de Letras que parece também não servir para assustar ninguém.
Bem, por via das dúvidas, vou conferir novamente tudo o que se falou sobre Catta Preta, para ver se consigo localizar as ameaças.
04 de agosto de 2015
Carlos Newton
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