Quinze dias de recesso não foram suficientes para amenizar as crises políticas vividas entre o Planalto e o Congresso. Pior.
Na opinião dos próprios governistas e interlocutores palacianos, a temperatura tende a esquentar ainda mais, pois o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deverá colocar em prática tudo o que ele tem em mãos para prejudicar o governo, já que a decisão do rompimento foi anunciada no primeiro dia de recesso parlamentar.
“Os deputados e senadores voltam megavalorizados. Vamos precisar de muita conversa e paciência para negociar com nossa base de apoio”, disse um dos articuladores políticos do Planalto. A presidente Dilma Rousseff tenta se antecipar à crise. Está previsto para a noite de hoje um jantar com os líderes da Câmara e do Senado no Palácio da Alvorada para amenizar as hostilidades.
EMENDAS E CARGOS
Na última quinta-feira, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares e a confirmação da indicação de 200 cargos de terceiro escalão nos estados. “É um compromisso que eu tenho que pretendo cumprir até o fim da primeira quinzena de agosto”, disse Padilha.
Para o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), será um Congresso muito mais tenso que retornará de férias. “É um Congresso também muito mais prevenido contra as medidas anunciadas pelo governo. Afinal, nenhum remédio adotado pelo Planalto surtiu efeito”, disse Agripino. Só no terreno econômico, ele lembra que o país vive o pior deficit fiscal dos últimos anos, a taxa básica de juros já está em 14,25% e, ainda assim, a crise econômica não acaba.
O parlamentar lembra que existem projetos polêmicos em pauta que serão analisados com atenção pelos oposicionistas, como, por exemplo, a “repatriação de recursos de caráter duvidoso”, uma das apostas do Planalto para compensar o fundo estadual para garantir recursos aos governadores.
04 de agosto de 2015
Paulo de Tarso Lyra
Correio Braziliense
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