As projeções já apontam para queda de até 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), consolidando todo o desastre do governo Dilma Rousseff. Mesmo com esse tombo, a inflação se mantém resistente, pode passar de 10% caso o dólar insista na trajetória altista. Essa combinação perversa, de recessão e inflação, está levando o desemprego para níveis assustadores.
Não há perspectiva de recuperação rápida da atividade. Talvez, em meados de 2017, o país comece a dar os primeiros sinais de que saiu do atoleiro. Isso, é claro, se Dilma mantiver o juízo e adotar, de vez, uma política econômica responsável.
Esse quadro devastador não impediu o Banco Central de, mais uma vez, aumentar a taxa básica de juros (Selic), para 14,25% ao ano. Desde o piso alcançado pela Selic, de 7,25%, que vigorou por apenas seis meses, entre outubro de 2012 e abril de 2013, os juros subiram 7 pontos percentuais, um choque inacreditável para a atividade. O Comitê de Política Monetária (Copom) avisou que o arrocho está concluído. Diante desse recado explícito, os analistas já começaram a contagem regressiva para a redução da taxa básica.
QUANDO CAIRÁ?
Até o fim do anúncio do ciclo de alta, as apostas eram de que os cortes na Selic começariam a partir do segundo trimestre de 2016, quando, por efeito estatístico, a inflação mostrará um tombo. Agora, uma leva de especialistas começa a cogitar a possibilidade de os juros baixarem ainda no fim deste ano, dada a gravidade do quadro econômico. O que se verá daqui por diante é um filme de terror. O desemprego vai disparar, o calote nos empréstimos e financiamentos dará um salto expressivo e o estouro da bolha de crédito tenderá a espalhar o pânico.
Entre os banqueiros, o clima é de total apreensão. A ordem foi ampliar o máximo possível as provisões para crédito de liquidação duvidosa. A torneira de empréstimos praticamente fechou. Empresas do setor imobiliário estão tendo todos os pedidos de financiamento negados. Teme-se que o setor repita o colapso registrado no ramo automobilístico. Essa situação não seria relevante se as operações de crédito não representassem hoje quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Os mais pessimistas falam em um possível estouro de bolha semelhante ao que se viu nos Estados Unidos em 2008.
03 de agosto de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense
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