"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

DEFENSORES DA INTERVENÇÃO MILITAR VOLTAM ÀS RUAS





Neste 31 de março, quando se completam 51 anos do golpe militar de 1964, com a descida das tropas de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, comandadas pelo general Mourão Filho, serão promovidas manifestações específicas a favor de uma intervenção militar contra o governo Lula Rousseff.

O direito de expressão deve ser sagrado e assegurado a todos, não há a menor dúvida. E a maioria dos participantes, é bom ressalvar, não está defendendo a volta da ditadura militar. 
Trata-se de brasileiros que simplesmente perderam a confiança nas instituições. 
Não acreditam mais nas boas intenções dos governantes, dos partidos, dos parlamentares nem dos juízes. Querem apenas que o país seja passado a limpo. 
Recorrem aos militares como último recurso, embora se saiba que eles também não são confiáveis, porque tendem a exercer o poder de forma equivocada e acima da lei.

O fato é que, no Brasil, os poderes estão podres. Mergulhados num oceano de corrupção e incompetência, Executivo, Congresso e Judiciário vivem num mundo à parte, uma espécie de Ilha da Fantasia, em que os interesses pessoais prevalecem sobre os demais, sejam coletivos ou até nacionais. Esta é a realidade atual, não se pode tapar o sol com uma peneira, como se dizia antigamente.

NAS RUAS

O resultado dessa apropriação indébita dos poderes públicos está nas ruas, segundo um levantamento da Opinião Pesquisa de Universidade Pública Latino-Americana (Lapop, na sigla em inglês), coordenada pela Universidade de Vanderbilt, dos Estados Unidos, e feita em parceria com instituições de todo o continente. Na edição de 2012, os dados no Brasil foram levantados pela Universidade de Brasília, com apoio da Coordenação de Apoio ao Pessoal de Ensino Superior (Capes) do Ministério da Educação. Em 2014, o instituto Vox Populi foi o responsável pelo levantamento.

Entre 2012 e 2014, a fatia da população que acha justificável um golpe militar quando há corrupção cresceu de 36% para 48%. Ou seja, de pouco mais de um terço, passou a praticamente a metade. O índice é o maior desde 2007, quando começaram as pesquisas, e vai no sentido contrário da queda percebida entre 2008 e 2012, de 39,8% para 36,3%.

Não há dúvida de que a pesquisa é impressionante e preocupante. Hoje, com manifestações restritas aos que realmente apoiam a intervenção militar, poderemos constatar na prática se esses dados assustadores batem com a realidade ou representam um exagero estatístico.

Mas é preciso entender que os números podem estar corretos, mesmo se fracassarem as manifestações convocadas para esta terça-feira, porque existe o fenômeno da “maioria silenciosa”, formada por pessoas que apoiam uma tese, mas não costumam defendê-la publicamente, o que explica algumas surpresas eleitorais que derrubam pesquisas.

01 de abril de 2015
Carlos Newton

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