Em meio a incertezas econômicas, governo federal afirma trabalhar sem meta para o dólar
Apesar das sucessivas altas do dólar, o governo brasileiro negou nesta sexta-feira (6) qualquer descontrole com o câmbio.Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, avaliou que as altas corrigem, em parte, a apreciação do real em anos recentes.
É preciso reconhecer que a declaração de Nelson Barbosa é procedente, mas não se pode esquecer que até o último dia do governo anterior de Dilma Rousseff a valorização do real, frente à divisa estadunidense, era usada como instrumento para conter a disparada da inflação.
A moeda norte-americana encerrou os negócios desta sexta-feira valendo R$ 3,057 (comercial), ou seja, valorização de 7% na semana, maior alta desde auge da crise e nova máxima em onze anos.
Além de persistirem preocupações sobre o futuro do ajuste das contas públicas brasileiras, dados positivos, melhores que o esperado, sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos ajudavam a embalar a divisa nesta manhã, em meio a apostas de que os juros devem começar a subir em breve nos Estados Unidos.
“Não é uma depreciação que causa nenhum descontrole, é simplesmente a mudança de patamar da taxa de câmbio que tem um efeito restritivo no curto prazo, afeta a inflação, afeta o crescimento, mas tem um efeito positivo no médio prazo, ao recuperar a competitividade da indústria”, disse Barbosa.
O ministro ainda relatou que a depreciação do real “basicamente corrige um pouco” a valorização que ocorreu nos últimos anos, impulsionada pela alta das commodities. “Há uma pressão no mundo todo em direção à alta da moeda norte-americana, o que se traduz, no caso do Brasil, a um retorno à taxa de câmbio real para o nível de 2006”, completou Barbosa.
O ministro do Planejamento declarou que o governo não trabalha com uma meta de câmbio, e atua somente para administrar sua volatilidade: “Não tenho meta para o câmbio, a gente trabalha com qualquer taxa de câmbio”.
Barbosa finalizou afirmando que em contrapartida à desvalorização do real há a possibilidade de discutir uma maior integração comercial do Brasil com economias mais avançadas. A grande questão nesse ponto é que durante anos a fio o governo do PT insistiu em manter relações diplomáticas baseadas em questões ideológicas, deixando em segundo os assuntos comerciais. Enquanto diversos blocos econômicos selavam parcerias comerciais bilaterais, o Brasil assistia a tudo sem qualquer esboço de reação. (Por Danielle Cabral Távora)
06 de março de 2015
ucho.info
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