"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A TRAGÉDIA DO VOTO OBRIGATÓRIO


Coisas do Brasil na Era Petralha...

O eleitor, consciente ou idiota, é quem decidirá a eleição presidencial de outubro-novembro? A resposta é um não rotundo. A parada será resolvida por um modernoso sistema informatizado de votação, sem possibilidade de auditoria do voto, sequer por recontagem de uma mínima amostragem. O resultado das urnas eletrônicas, por isso, é totalmente imprevisível. Você pode até saber em quem votou, porque foi obrigado. Mas só o controlador do sistema tem a certeza efetiva de quem ganhará. Eis a maior tragédia do nosso imprevisível voto obrigatório.

Analisando friamente a conjuntura, estamos próximos de uma gelada institucional. Com a máquina capimunista bem aparelhada pelo partido-seita que nos desgoverna há 12 anos, Dilma Rousseff tem chances concretas de se reeleger. Uma vantagem dela: a oposição nunca pareceu ser tão fragilizada, e com tímido poder ofensivo, diante do esmagador poder de um presidencialismo imperial. A fragilidade dela: a Oligarquia Financeira Transnacional não está satisfeita com os rumos econômicos do Brasil e já demonstrou, por várias ações, que deseja a substituição dos petistas e petralhas no controle federal. Este é o jogo real – que fica imprevisível com a inconfiabilidade do processo eletrônico de votação obrigatória.

Pergunta que todos fazem: O que efetivamente muda no Brasil os vencedores forem Dilma Rousseff, Aécio Neves ou Marina Silva (que até quarta-feira será confirmada como candidata no lugar do Eduardo Campos morto no desastre de avião)? Se Dilma continuar, assistiremos a um veloz e radical processo revolucionário petista, com jeitinho bolivariano castrista do Foro de São Paulo. Neste cenário, o Brasil capimunista tende a se transformar em um paraíso cubano, com algum poder produtivo, que será loteado entre os sócios do poder.

Como a política econômica tende a não ser alterada, o autoritarismo estatal terá de promover o milagre de domar uma inflação, já marcada por uma carestia defensiva, fazendo o mesmo de sempre: cada vez mais caixa, com impostos altos, para custear uma máquina pública cada vez mais cara, perdulária e aparelhada pela ineficiência. Para piorar, o governo terá de arcar também com os juros altos (que aumentam todas as dívidas e encarecem qualquer crédito), gerando lucros apenas para as atividades especulativas financeiras – que pode se tornar produtivas ou não. Já é claro para 2015 um cenário de crise de liquidez com rompimento da cadeia de pagamentos. O resultado desta bagunça econômica é imprevisível. O risco concreto é que Dilma, pelo poder da máquina, já está com um pé no segundo turno...

Se Aécio Neves vencer, a herança maldita deixada pelo regime petista-petralha pode tornar o Brasil ingovernável. Há dúvidas concretas sobre a possibilidade de se driblar o brutal aparelhamento da máquina estatal feito em 12 anos. A governabilidade estará seriamente comprometida pelo sistema petista de “organização social” montado na base daquela obra de Vladimir Lênin (“O que Fazer?”). Quem puder, faça uma leitura deste livro, junto com o famoso “Decálogo de Lênin” para ver como a esquerda brasileira nos reserva um futuro do presente no século passado ou retrasado...

Na economia, a equipe de Aécio (Armínio Fraga e Mendonça de Barros) acena com um choque inicial de realinhamento dos preços, para sustentar, depois um crescimento previsto de 4% ao ano. O problema é a manutenção da mesma política de juros altos que só os geniais brasileiros praticam no mundo... Ou seja, mudanças concretas não parecem fazer parte do nosso cardápio... O tucano acena com investimentos em infraestrutura. Mas isto só será realmente viável se for mudada a política de juros. Vai mudar? Eis a incerteza mor...

E se a Marina Silva vencer? A reposta imediata é a própria negação da pergunta. Marina é um fator novíssimo na campanha. Sua vitória não estava no script – nem a conquista parcial e pessoal dela, como vice do Eduardo, se ele não tivesse morrido e, por acaso, chegasse à Presidência da República. Marina tem o jurássico DNA petista. É uma legítima vanguarda do atraso, com discurso socialista-moralista-ecológico. Marina não transmite segurança aos deuses do mercado... O papel dela, no presente teatrinho eleitoral do João Minhoca, é justificar uma roubada de votos da Dilma, para a conta de chegada final...

O Brasil tem um problema assustador. Os segmentos supostamente esclarecidos da sociedade, que têm capacidade de decisão econômica, parecem perdidos. Não conseguem operar com paradigmas realmente produtivos, geradores de renda pela via do trabalho (única forma verdadeira de produzir alguma coisa). Por isso estamos tão lentos no combate aos males dos impostos absurdos e dos juros estratosféricos. A tal elite (em alguns casos) ou oligarquia (em outras situações) perde o timming para sair da hoje inconfortável “zona de conforto”, reagir e promover a mudança do errado modelo brasileiro.

Não importa quem vença em outubro-novembro. O Brasil só vai melhorar se houver uma pressão real dos segmentos supostamente esclarecidos sobre os “poderosos de plantão” para cumprirmos uma previsível agendinha sempre falada, sempre prometida, porém sempre adiada: reforma política, reforma tributária e reforma da infraestrutura (ensino, saúde, logística, energia, etc). Já passou da hora de acordamos para a realidade. O resto do mundo avança, melhora, menos os países subdesenvolvidos, gerenciados pelas vanguardas ideológicas do atraso.

Pragmaticamente falando, a pior opção é a perigosa continuidade do PT no poder, pois pode conduzir o Brasil a uma violenta ruptura institucional, condenando também o Brasil ao atraso Capimunista. Tirar o PT é prioridade, mas romper com o capimunismo em vigor é mais fundamental. Ou os supostos segmentos esclarecidos da sociedade entram em campo – e mostram que são mesmo “esclarecidos” – ou vamos, todos, rumo à bagunça conjuntural, institucional e civilizatória.

Investindo no segundo turno...




Falhou a pressão...


                           
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

21 de agosto de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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