"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A ESTUPIDEZ POLITICAMENTE CORRETA É CÚMPLICE DA DESTRUIÇÃO DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL

 

Esta ilustração diz tudo
Do lixo que a Folha de S. Paulo edita diariamente é possível, ainda, encontrar alguns diamantes reluzentes, como este artigo do jornalista e escritor português João Pereira Coutinho. E pode-se contar nos dedos os intelectuais ocidentais como Coutinho, já que a maioria cultiva, se vangloriando, o ataque suicida contra a democracia e a liberdade, os fundamentos da civilização ocidental.
 
Há alguns dias os assassinos islâmicos degolaram um jornalista americano sem que tenha havido um só artigo em desagravo a esse ato de terrorismo cruel e indescritível cometido contra um profissional que estava trabalhando.
Nem uma mísera nota de uma entidade de classe. A maioria desses jornalistas que assinam colunas semanais e/ou diária em grandes jornais foi incapaz de emitir um resmungo, que dirá um artigo denunciando essa barbaridade, como também as televisões se limitaram a dar a notícia como uma notícia igual às outras.
 
Quaisquer desses vagabundos de toalha na cabeça, véus e adereços correlatos, são intocáveis. E eles vivem à vontade, soberbos mesmo, nas ruas das cidades ocidentais, nos shoppings, na praças, enfim, livres, leves e soltos.
E ai de quem ouse censurá-los exijindo que sigam os costumes ocidentais. Com certeza será processado por algum promotor politicamente correto do Ministério Público, desses cevados nas faculdades de Direito que se transformaram em espeluncas vagabundas que promovem a lavagem cerebral dos estudantes.
Digo isso porque também sou advogado com mestrado em Direito. Sei muito bem o que estou dizendo. E a OAB também vai no mesmo caminho.
 
Por tudo isso, transcrevo o excelente artigo de João Pereira Coutinho. Às terças-feiras é Coutinho que salva a Folha; e às sextas-feiras, Reinaldo Azevedo. A maioria do resto é lixo, imundice e vagabundagem cínica e criminosa. E afirmo tudo isso porque além de advogado sou jornalista há mais de 40 anos. E sei muito bem o que estou dizendo. Leiam: 
 
NÓS, OS VERMES.
Por João Pereira Coutinho
 
Que beleza, leitor: um grupo intitulado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) agora domina partes da Síria e do Iraque. Melhor: já faz vídeos. Com decapitações de ocidentais. E proclamações: existe um novo Califado, dizem os assassinos, renascido das cinzas otomanas que a Primeira Guerra provocou.
Essa utopia terrena está atraindo jihadistas do mundo inteiro. Do mundo inteiro, vírgula: do Reino Unido em especial. O premiê David Cameron está pasmo.
Membros do seu governo, "idem". E a "inteligência" britânica quer saber como é possível que cidadãos britânicos, que nasceram e cresceram à sombra do Estado de bem-estar social, viram as costas ao Ocidente para lutarem contra o Ocidente.
 
Boas perguntas. Nenhuma delas é especialmente misteriosa. Qualquer pessoa com dois neurônios compreende que, no caso do Reino Unido, a produção de jihadistas explica-se pela belíssima cultura de "tolerância" que, durante duas gerações, permitiu que muitas mesquitas locais fossem antros de ódio e extremismo.
 
Só Deus sabe --ou Alá, já agora, para não ferir certas sensibilidades ecumênicas-- a extrema dificuldade legal que Londres teve para extraditar Hamza al-Masri, o famoso "Capitão Gancho" da mesquita de Finsbury Park, em Londres, para os Estados Unidos, onde era acusado de vários complôs. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem estava preocupado com os "direitos humanos" de um terrorista, mas não com os direitos das vítimas que ele potencialmente causava com as suas palavras de loucura e morte.
 
E só agora a ministra do Interior britânica, a conservadora Theresa May, promete legislação pesada para o extremismo e as incitações ao ódio --em espaços públicos, escolas, mesquitas etc. Até os trabalhistas aplaudem a "coragem" da senhora.
 
Não admira: como informa o "Daily Telegraph", existem mais cidadãos britânicos de origem muçulmana marchando nas fileiras do EIIL do que no exército de Sua Majestade. Eis um retrato da pátria de Churchill.
Mas há outro. Porque não existem apenas fanáticos islamitas que, dentro do Ocidente, pregam a morte do Ocidente. É preciso relembrar os fanáticos revisionistas e multiculturalistas que, na mídia e nas universidades, foram oferecendo as doces pastagens da retórica antiocidental.
 
Caso clássico: anos atrás, Ian Buruma e Avishai Margalit escreverem um livro que inverte o título (e a tese) do celebrado "Orientalismo" de Edward Said. Chama-se "Ocidentalismo" e é um estudo sobre a visão deturpada e grotesca do Ocidente produzida pelos seus inimigos.
 
E, no topo da lista, está um longo rol de intelectuais ocidentais --de Spengler a Heidegger, sem esquecer o demencial Sartre-- para quem o Ocidente era um antro de decadência/declínio/corrupção/brutalidade/desumanidade/exploração (pode escolher à vontade). Essa retórica, escreviam os autores, acabou por emigrar para o mundo inteiro, Oriente Médio em especial. E é hoje repetida, "ipsis verbis", pela turma do EIIL.
 
No livro, há até um episódio pícaro (e grotesco; atenção, famílias) que ilustra bem como as más ideias viajam depressa. Acontece quando o Taleban tomou Cabul em 1996, pendurou o presidente afegão Najibullah no poste, encheu os seus bolsos de dólares e colocou cigarros entre os dedos quebrados do cadáver.
Mensagem: esse aí é um produto degenerado do Ocidente em seus vícios e ganâncias.
 
(Curioso, lembrei agora: as campanhas antifumo poderiam usar a imagem do antigo presidente afegão enforcado e com cigarros entre os dedos. E o lema: "Fumar prejudica a saúde." Mas divago.)
 
Porque a questão é glacial: se nós, ocidentais, não respeitamos o que somos ou temos, independentemente de todos os erros cometidos (e corrigidos: será preciso lembrar a escravatura, abolida por aqui e praticada ainda no resto do mundo?), por que motivo devem os outros respeitar-nos?
Gostamos tanto de nos apresentar como vermes que os outros acabam olhando para nós como vermes.
Soluções?
Deixemos isso para os líderes do mundo, como Barack Obama, que tipicamente não sabe o que fazer. (Uma sugestão: que tal reduzir à Idade da Pedra quem tem a mentalidade de homens das cavernas, senhor presidente?)
Mas já seria um grande contributo se o Ocidente fosse um pouco mais intolerante com a intolerância daqueles que recebemos, alimentamos, sustentamos --e enlouquecemos de ódio com o ódio que sentimos por nós próprios.

Da Folha de S. Paulo desta terça-feira

26 de agosto de 2014
in aluizio amorim

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