"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

NÚMEROS NÃO MENTEM

Pesquisas mostram que o tucano Aécio Neves errou ao preterir Alvaro Dias como candidato a vice

alvaro_dias_38Quando deixarem de lado o salto alto, possivelmente os tucanos aprenderão a fazer política. Por enquanto, a demasiada soberba impede que a cúpula do PSDB consiga enxergar o óbvio, sempre presente e a pouca distância.

Desde o momento em que o partido passou a discutir a escolha do candidato que participaria da corrida presidencial deste ano, o que prevaleceu foi o interesse individual ou de grupos que se abrigam no ninho tucano, sempre à sombra de disputas infindáveis. Bairrismo político e guerra de vaidades fizeram com que a legenda partisse para a decisão sob o manto da discórdia intestina.

O grande erro do PSDB foi não realizar primárias para decidir quem representaria o partido na tentativa de retorno ao Palácio do Planalto. Bons nomes estavam prontos para a disputa interna, como Aécio Neves, Alvaro Dias e José Serra. Prevaleceu a tirania partidária, acompanhada por um discurso de que os tucanos de São Paulo já experimentaram o lado doce do poder. Foi então que surgiu um embate silencioso no bastidor do PSDB, colocando em lados opostos dois próceres da legenda: Aécio e Serra.

Ex-governador de São Paulo, Serra concorreu à Presidência da República em duas ocasiões e perdeu: 2002 e 2010. Único senador do PSDB a fazer uma oposição consistente e republicana, sem chicanas e rapapés, o senador Alvaro Dias (PR) foi preterido logo na primeira hora. A queda de braço ficou entre Aécio neves e José Serra, até que o mineiro levou a melhor.

A grande questão a partir da decisão tomada era saber quem seria o candidato a vice na chapa de Aécio. Considerando que a missão de despejar o PT do Palácio do Planalto não é tarefa das mais fáceis, até porque o PT joga sujo e Dilma tem a caneta presidencial nas mãos, um vice que se comporta como um dos bonecos de cera do museu Madame Tussauds, em Londres, nada acrescenta. Era preciso escolher um candidato a vice que agregasse algo à chapa tucana e que tivesse cacife político para dividir compromissos de campanha em um país com dimensões continentais.

Nada disso foi levado em conta e acabou prevalecendo o desejo da cúpula da legenda, predominantemente paulista. Com as bênçãos de Fernando Henrique Cardoso, que mais atrapalha do que ajuda, o escolhido foi o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho, que só chegou ao Senado Federal porque Orestes Quércia, no leito de morte, em 2010, pediu a uma de suas filhas que orientasse o eleitorado cativo a despejar votos no tucano. Do contrário, Aloysio continuaria no limbo do Palácio dos Bandeirantes.
Miopia partidária

Os tucanos adoram falar em mudanças para o Brasil, desde que isso não represente sacrifícios dentro da legenda. Ou seja, o tucanato só consegue agir e pensar de olho no próprio partido. Só depois é que vem o Brasil.

De certo surgirão críticos a dizer que defendemos Alvaro Dias, mas diante da verdade dos números não há como tergiversar. Fora isso, Alvaro Dias faz oposição ao governo do PT de forma tão responsável quanto implacável. Tanto é assim, que sua popularidade só cresce em todos os quadrantes do País.

Concorrendo a mais um mandato no Senado Federal, Alvaro tem 64% das intenções de voto entre os eleitores paranaenses. O que mostra, sem direito a contestações, que ele seria o vice mais que ideal para Aécio. Porém, o bico longo dos tucanos tira a realidade da linha de visão.

A disputa pelo poder central no Brasil tornou-se tão acirrada, que a escolha de um candidato a vice é tão estratégica e vital em termos políticos quanto a do líder da candidatura. Haja vista a escolha que fez o finado Eduardo Campos, ciente do cacife político-eleitoral de Marina Silva, agora cabeça de chapa e que poderá levar o PSB a um feito inédito.
Alça de mira

Tão experiente em termos administrativos quanto Aécio, afinal ambos governaram seus respectivos estados, o tucano Alvaro Dias não pensa duas vezes quando é preciso criticar a barafunda em que se transformou a era petista. O faz com contundência inteligente e milimétrica, mas sem descer ao nível dos atuais palacianos. Detalhe relevante para um partido que sonha em retornar ao Palácio do Planalto.

Um bom exemplo dessa oposição consistente a que nos referimos surgiu em Curitiba, na noite de segunda-feira (25). Sabatinado por acadêmicos de Direito da Universidade Federal do Paraná, Alvaro Dias expôs aos jovens estudantes um aspecto bem peculiar do governo Dilma: “Hoje – afirmou – nós temos no país um governo que tem a sede no Palácio do Planalto e a subsede na Penitenciária da Papuda; e às vezes nós temos dificuldade em saber quem é que manda mais, se é a subsede ou a sede. Tanto que há poucos dias, alguém, da Penitenciária da Papuda, mandou uma determinação à presidente e ela nomeou um ministro de Estado”.

Diante dessa colocação, Dilma Rousseff não saberia como responder ou contestar. Afinal, a petista fugiu de pergunta menos embaraçosa durante entrevista que concedeu ao Jornal Nacional.
Aécio Neves continua acreditando que a subida de Marina Silva nas pesquisas não passa de “onda”, mas os tucanos perceberão o equívoco somente depois da abertura das urnas. Aliás, alguém sabe por onde anda Aloysio Nunes?

Para finalizar, lembramos que no ucho.info não se faz campanha para esse ou aquele candidato, mas defende-se o que é bom para o Brasil e para os brasileiros. Mas para isso é preciso seguir a lógica para não tropeçar nas surpresas. O PSDB terá tempo suficiente para se preparar, pois 2018 está logo adiante

26 de agosto de 2014
ucho.info

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