"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

DEPOIS, A EXPLOSÃO





Começam hoje, formalmente, as campanhas eleitorais, quando os candidatos a presidente da República e a governador deveriam ter apresentado seus programas, ou seja, o que pretendem na hipótese de ser eleitos. Não apresentaram senão arremedos de falsos propósitos. Fazer o quê?
Fora a enganação de que prometem desenvolver o país, impedir a corrupção, extirpar a miséria e a pobreza e reduzir a alta taxa de impostos pagos pela classe média, nenhum deles disse como alcançar tais objetivos.

Nem eles nem ela, por sinal. Falta um roteiro de ação, para os candidatos. Um elenco de propostas claras, objetivas, sobre como proporcionar à população avanços sociais, políticos e econômicos que ela reclama.
Ao trabalhador, de que forma multiplicar esse ridículo salário mínimo que o humilha e envergonha, transformando-o num objeto de assistencialismo e de esmolas atiradas da mesa do banquete dos poderosos.  Ao empresário, como deixar de importuná-lo com exigências burocráticas cada vez maiores, impedindo sua liberdade de atuar conforme as tendências da economia?

Ao estudante, fornecendo condições para aprimorar o saber a que ele tem direito em meio ao vertiginoso desenvolvimento da ciência. Ao camponês, meios para participar da produção cada vez mais concentrada nos beneficiários dos frutos da terra. Ao operário, a devolução de seus direitos surripiados ao longo das últimas décadas. E quanta coisa a mais, destinada a alargar o horizonte de uma sociedade   dominada pelas elites e hoje em perigoso ponto de ebulição.

Numa palavra, os pretendentes a gerir a nação deveriam, primeiro, conhecê-la. Inteirar-se de seus pontos de asfixia para poder equacionar soluções. Por enquanto, nada. Apenas exortações genéricas que nem ilusões despertam no eleitorado. Quanto mais esperanças.

Dilma Rousseff dá a impressão de nada ter a oferecer porque, se reconhecesse as necessidades da oferta, estaria assinando atestado de incompetência por sua performance nos últimos quatro anos. Aécio Neves imagina a saída no retorno ao modelo neoliberal naufragado nos tempos do tucanato. Eduardo Campos perde-se na contradição de representar a antítese do programa do avô. Quanto aos demais, em busca de fugazes minutos de glória na televisão, nem merecem citações.

A verdade é que teremos eleição sem candidatos aptos a disputá-la. Mera encenação de um Brasil Formal em decomposição, preparado para aumentar ainda mais o fosso com o Brasil Real, abandonado e prestes a pedir para sair.  Esta pode ser a última oportunidade de resolvermos nossos conflitos através de mecanismos institucionais ortodoxos. Depois, será a explosão.

07 de julho de 2014
Carlos Chagas

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