"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 21 de junho de 2014

O PIOR JÁ PASSOU?

BRASÍLIA - A campanha oficial ainda nem começou (só a partir de julho), mas a convenção nacional do PT neste sábado (21/6) ocorrerá sob a sensação de que o pior para a candidatura Dilma já passou.

A tragédia anunciada reverteu para uma boa Copa, com estádios e aeroportos funcionando e protestos sob controle. Além, claro, de todo mundo estar satisfeito com o espetáculo em si: torcidas multicoloridas e pacíficas nas arquibancadas, muitos gols e grandes surpresas nos gramados.

Confirma-se, assim, a previsão palaciana de "reversão de expectativas" favorável a Dilma: esperava-se um fiasco, tudo, então, parece magnífico.

O PT e Dilma precisam, agora, de uma outra reversão de expectativas --na política. Se a candidata continua bem à frente dos adversários, a nova pesquisa CNI-Ibope comprova que a aprovação do governo e da presidente continua em queda e que o índice de confiança nela é menor do que o de desconfiança. Isso, é óbvio, tem peso imenso em reeleições.

Os bodes expiatórios que Lula e as duas cúpulas de campanha (a lulista e a dilmista) amplificarão na convenção são o "ódio ao PT", a "elite branca", a "direita perversa" e sobretudo a "mídia". Como se PT, governo e Dilma fizessem tudo certo...

Mas, nas reuniões a portas fechadas, em especial sem ouvidos e vozes dilmistas, o tom é outro: as culpas recaem também sobre a economia, os erros de gestão, os descuidos políticos e a teimosia de Dilma. Mais a Petrobras e os Andrés Vargas.

O pior, porém, passou. A Copa e os xingamentos revertem a favor, o Congresso entra em recesso, saiu "pacote de bondades" para a indústria e os aliados dão o tempo de TV. Daí em diante, a tese do "ódio ao PT" serve para justificar o "ódio a todo mundo" --a quem ouse criticar o PT, o governo, Dilma e Lula-- e para o ataque pesado contra a oposição.

Ok, mas o PT e a Dilma-presidente precisam parar de atrapalhar a Dilma-candidata.

 
21 de junho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário