"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

HÁ MAIS COISAS ENTRE O CÉU E A TERRA DO QUE ETC... ETC... ETC...

O PT, sozinho, arrecada em dinheiro o dobro de PSDB, PMDB e PSB somados. E por que, então, o partido quer proibir a doação de empresas privadas?


Montanha de dinheiro
 
O PT quer acabar com as doações de empresas privadas a campanhas. Infelizmente, já há uma maioria no STF formada em favor dessa tese. Muito bem! Não é que o partido esteja se dando mal com o sistema em vigência, não! Muito pelo contrário!
 
Segundo informam David Friedlander e Ricardo Mendonça, na Folha de hoje, empresas que tradicionalmente doam dinheiro para partidos políticos e que mantêm negócios com o setor público repassaram ao PT, no ano passado, QUASE O DOBRO DO QUE, ATENÇÃO!, DOARAM AO PSDB, AO PMDB E AO PSB! R$ 79 MILHÕES CONTRA R$ 46,5 milhões. Há quatro anos, o “Partido dos Companheiros” já tinha uma vantagem sobre os demais de R$ 9,4 milhões; agora, de R$ 33,2 milhões
 
Por que o PT quer tanto acabar com um modelo que o beneficia? Porque não gosta de privilégios?
Ora…Quem aí acredita que, uma vez proibidas as doações privadas, elas não continuarão a ser feitas, mas por baixo dos panos? A Folha só conseguiu chegar aos números porque, afinal existe o registro. Quando não houver mais…
Leiam trecho da reportagem. Volto em seguida:

“Nos últimos dias, a Folha conversou com um consultor, um tesoureiro de partido, um empresário e dois executivos de construtoras. Eles só aceitaram falar anonimamente. Segundo eles, é difícil não dar preferência ao PT, que ocupa a Presidência. Como Dilma estava muito à frente nas pesquisas, a força da sigla para captar era ampliada. Caso a disputa presidencial fique mais acirrada, como sugerem as últimas pesquisas, a divisão de verbas tende a se equilibrar. “Quem trabalha com governo não tem preferência”, diz um alto executivo de uma grande construtora. “Precisa ser amigo de quem estiver no poder.” Um consultor com muitos anos de experiência em arrecadação define assim: “Para as empresas, a doação funciona como um investimento para ter acesso aos candidatos que elas ajudam a eleger”.
 
Retomo

Muito bem! Proibidas as doações privadas, o interesse desses financiadores de campanha vai desaparecer? É curioso o caminho que essa questão tomou: é como se a transparência incomodasse: “Vejam como empresas com interesse no governo doam dinheiro para partidos!”. Sim, é verdade! E quando a lei proibir? O tal interesse desaparece por força da interdição?
 
Nos últimos tempos, nota-se um aumento das doações de empresas. Não há explicação para isso a não ser uma: muita gente que apelava ao caixa dois ficou com medo de ver seu nome envolvido em alguma operação da Polícia Federal. Não se faz esse tipo de coisa sem recorrer ao serviço dos “Albertos Youssefs” da vida. Vale dizer: escolheram o caminho legal; preferiram sair da clandestinidade.
 
Daqui a pouco, a lei vai empurrá-las de novo para o submundo. E se viverá, então, a sensação de que a política foi moralizada. É uma piada!
 
19 de maio de 2014
Reinaldo Azevedo

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