A invenção de internet virou realidade. Após um texto falso criticando a Copa do Mundo no Brasil, atribuído à revista France Football, circular na internet, uma reportagem real foi publicada pela publicação esportiva francesa ‘So Foot’ com o mesmo intuito.
A reportagem, publicada no site da revista, lista uma série de problemas das cidades sedes brasileiras em um texto recheado de humor ácido e ironia, com o título de “Vive Le Bordel Brésilien!” (em tradução, “Viva a Bagunça Brasileira”, já que a palavra bordel serve para designar tanto casas de prostituição quanto uma grande bagunça).
A reportagem dá destaque às cidades que irão abrigar os jogos da competição, separando-as em três categorias: as que tem menos problemas, as que certamente serão palco de bagunça e as cidades cujas partidas seriam preferíveis de serem assistidas pela televisão.
Entre as sedes citadas como menos problemáticas estão Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Fortaleza, onde seriam apenas necessários pequenos ajustes, como problemas de conexão com a internet ou falha em telões nos estádios.
Na segunda categoria, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Natal são citados como ‘bagunça certa’, onde o Aeroporto do Galeão, na capital carioca, ganha destaque negativo:
“Edifícios degradados, vias saturadas nas altas estações e paralisação das atividades em cada chuva forte prometem grandes doses de diversão”, ironiza o texto.
O trânsito de São Paulo também não foi esquecido. De acordo com a publicação, a cidade seria “irmã da Cidade do México e prima do Cairo (capital do Egito)”, ambos locais conhecidos pelo caos no tráfego de veículos.
PELA TV…
Para terminar, no grupo de cidades em que seria melhor assistir os jogos pela televisão, entram Cuiabá, Curitiba e Manaus. Curitiba é tratada com ironia como ‘a grande emoção’, devido à dúvida em relação à participação da cidade no Mundial. O texto segue com uma forte crítica ao aeroporto da capital do Mato Grosso:
“[O aeroporto] é do tamanho de uma cozinha, mas há um lindo papagaio pintado na parede. Nenhuma grande nação vai jogar em Cuiabá. E depois dizem que o sorteio é aleatório”, afirmou o texto.
A publicação não deixa de citar a demora no início das obras e os problemas de mobilidade urbana nas sedes:
“Nenhuma cidade-sede tem capacidade de entregar a tempo o trio de obras ‘estádio + aeroportos + obras de mobilidade urbana’. No caso dos aeroportos, os processos de licitação das obras só foram lançados após as eleições de 2010. Quanto à mobilidade urbana… não se moderniza um país em seis meses, especialmente um país como o Brasil. E por mobilidade urbana entende-se os meios mais básicos de transporte: vias de acesso a locais turísticos, estradas, corredores de ônibus, metrô e trens urbanos etc. Logo, serão os seus pés os que farão a maior parte do trabalho.”
CRÍTICAS À FIFA
A reportagem também critica a Fifa, que foi apontada como uma das responsáveis pelos atrasos ocorridos no país e que ainda se seguem à 100 dias do pontapé inicial da competição:
“A Fifa, do seu lado, é prisioneira de um Brasil com quem ela briga/late/chicoteia a cada semana, como se tivesse tratando com uma criança, com um sentimento vago de que é tarde demais”, e continua:
“Joseph Blatter, então, agora se mostra chocado: ‘Nenhum país teve tanto tempo para se preparar quanto o Brasil’, e ele está certo. Errado ele estava em 2007 [quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa], ao impor ao país um “padrão Fifa” que estava distante demais de sua realidade, e que culturalmente não sabe dizer não. Mas sabe dizer, porém, quando já tarde demais, “desculpe, mas teremos que fazer alguns arranjos”, completa.
A matéria foi publicada no site da revista francesa no dia 3 de março, e não foi a única reportagem feita sobre o assunto. No dia seguinte, outro texto foi publicado pela revista, dessa vez relembrando as manifestações ocorridas durante a Copa das Confederações, em junho do ano passado, e os altos custos de toda a preparação para a competição.
09 de março de 2014
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