A avaliação positiva do governo Dilma Rousseff, desde sua posse, atingiu o ponto mais elevado (63%) em março de 2013, na série histórica do Ibope (vide linha preta no gráfico que acompanha o texto).
Com as insurgências do meio do ano passado, essa avaliação despencou para 31% na pesquisa de julho. A partir daí, a popularidade da presidente foi sendo recuperada lenta e gradualmente, tendo atingido 43% em dezembro último.
O levantamento de fevereiro do Ibope, entretanto, mostra queda nessa trajetória ascensional ou, ao menos, interrupção, já que os números estão nos limites da margem de erro de dois pontos de percentagem. Pelo percentual de fevereiro (39%) a presidente praticamente voltou ao patamar de agosto, quando iniciou seu resgate de popularidade.
Duas outras pesquisas (MDA e Datafolha), realizadas em datas diferentes no mês de fevereiro, apontam para a mesma configuração: a popularidade da presidente estacionou ou caiu, o que reforça a possibilidade delineada acima pelos dados do Ibope, embora sejam requeridos outros levantamentos sucessivos para detectar eventual tendência.
No Nordeste a presidente Dilma sempre teve seus índices de avaliação positiva mais confortáveis. Basta dizer que chegou a alcançar 72% de ótimo e bom em março do ano passado, sempre de acordo com a série de inquéritos do Ibope, apresentada no gráfico (linha vermelha). Entretanto, com as manifestações, o índice cai para 43% em julho, ainda assim, 12 pontos de percentagem acima da média nacional (31%).
Interessante é que em agosto, quando a popularidade da presidente a nível nacional evolui sete pontos acima do seu patamar mais baixo (julho), no Nordeste, reduto petista, o percentual não se altera, ficando em 43%. A partir daí, evolui rapidamente para 46% em setembro, 53% em outubro, mas perde fôlego desde então, estacionando no entorno de 51%.
Em termos regionais é no Sudeste que a presidente Dilma encontra mais dificuldades de atrair apoiadores ao se governo, não obstante, em março de 2013, a popularidade da mandatária nacional tenha chegado a 59% nesta região, bem perto da média nacional de 63% (linha azul).
Depois dos protestos de rua o índice involui para apenas 24% em julho, mas já em agosto mostra rápida recuperação e alcança 35%. Após atingir um pico de 38% em dezembro, o percentual de apoio à gestão presidencial regride para 33% em fevereiro, abaixo do patamar de agosto.
Em síntese, o esboço de reação da popularidade nacional da presidente iniciado em agosto, turbinado pelo crescimento de onze pontos percentuais no Sudeste, perdeu aceleração nos meses subsequentes.
O saldo total da recuperação da popularidade da chefe da nação é de apenas oito pontos (oito também no Nordeste e nove no Sudeste), um quarto do total de que Dilma precisava para retomar o patamar que ostentou antes das inquietações populares do ano passado.
Na recente pesquisa do Datafolha de fevereiro último, nada menos que 67% dos brasileiros (66% em novembro passado) disseram querer que as ações do próximo presidente fossem diferentes das praticadas pela atual administração. No Sudeste o percentual foi de 71% (72% em novembro). No Nordeste essa insatisfação chegou a 64%, quando em novembro havia sido mais baixa, de 58%.
Isso quer dizer que os ares mudancistas aparecidos nas manifestações de junho último permanecem soprando e eventualmente com mais força no reduto regional onde a presidente tem maior suporte.
Enfim, a trajetória de recuperação da popularidade de Dilma Rousseff perdeu ímpeto, conforme se delineia no gráfico do texto. Então, a presidente, mesmo na condição de incumbente, com todas as extraordinárias vantagens que tal exercício lhe confere, não está conseguindo agregar mais apoios à sua gestão.
Como as inquietudes populares continuam, não obstante com pouca presença no palco das ruas, é de se imaginar que as dificuldades da presidente perdurem, já que sobre os governantes pesam maior responsabilização pelo que motivou a insurgência do meio do ano passado.
09 de março de 2014
Maurício Csta Romão
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