"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

É CARA DE PAU!!!

 
Trem-bala, seis mil creches, 500 UPAs, Brasil rico, sem miséria. Fome Zero, transposição do Rio São Francisco, presídios federais de segurança máxima. Promessas de um futuro espetacular que nunca chega. Especialidade da geração de marqueteiros que alcançou o ápice no período Lula, a venda do paraíso - que tem sido repetida com sucesso - pode não ter tanta valia em 2014.
 
Os sinais são muitos. Nas ruas e fora delas. No bolso do cidadão que paga cada vez mais impostos sem a recíproca de serviços mínimos, no cotidiano de quem depende da esfera pública para ter educação, saúde e transporte.
 
Daí ser quase incompreensível a insistência dos arquitetos eleitorais da presidente Dilma Rousseff em apostar nos fogos de artifício do PAC 3, previsto para abril.
 
Apresentado por Lula em 2007, o primeiro PAC era arrebatador, com obras que pretendiam revolucionar o País. Ganhou forte apoio do empresariado, chegou a causar inveja até em gente da oposição. Mas empacou.
 
Para turbinar a campanha de 2010, o PAC ganhou uma segunda edição, e uma mãe, a então ministra Dilma Rousseff, a quem Lula atribuía o sucesso da versão anterior que mal saíra do papel: 54% das obras nem projeto tinham. Na época, anunciou-se com estardalhaço que o PAC 2 significaria investimentos em torno de R$ 1,6 trilhão. Os últimos dados apontam a execução de R$ 665 bilhões, a maior parte em financiamento habitacional. O 9º balanço, aguardado para a semana que passou, nem mesmo foi divulgado.


Foto: Ed Ferreira / AE


Pouco importa se os demais PACs empacaram. O ano de 2014 tem eleição e vem aí o PAC 3. Apelidado como PAC da mobilidade, o mesmo termo que sustentou a ilusão do upgrade das cidades que sediarão a Copa do Mundo da Fifa.
 
Na mesma toada que deu certo na eleição anterior, no site do PAC, o futuro é hoje. Em destaque estão investimentos de R$ 2,5 bilhões em Belo Horizonte, capital do estado-base do candidato tucano à presidência, Aécio Neves. Antes de tudo, reforça a campanha do mais querido dos auxiliares de Dilma, o ex-ministro Fernando Pimentel, que disputará do governo de Minas.
 
O PAC oficial festeja ainda o legado dos Jogos Olímpicos de 2016, com quase R$ 1 trilhão de investimentos. Comete-se o mesmo erro dos sonhos dourados da Copa.
 
Difícil imaginar que os marqueteiros de Dilma, com todo o instrumental de que dispõem, incluindo pesquisas de opinião pagas com o dinheiro do contribuinte, errariam o tom. Deve ser por isso que decidiram misturar o requentado discurso do “quem não está conosco está contra o País” à promessa do Brasil sangrai-la.
 
Pode até dar certo de novo. Mas é muita cara de pau.

17 de fevereiro de 2014
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.
in Blog Noblat

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