"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A BALANÇA COMERCIAL COM PERSPECTIVA INCERTA

Caso se confirme a desaceleração da economia da China - nossa maior parceira comercial -, isso poderá se tornar um fator a mais de pressão sobre nosso balanço de pagamentos e nossa balança comercial, já deficitária em US$ 2,049 bilhões nas primeiras três semanas do mês. Um mau começo de ano depois do superávit de apenas US$ 2,56 bilhões em 2013, inflado pelas exportações de plataformas de petróleo operadas em águas brasileiras. As expectativas de mercado são de um superávit comercial na casa dos US$ 9 bilhões, mas é cedo para acreditar nas projeções, mesmo com a desvalorização do real.
 
As exportações de US$ 736,8 milhões, na média diária de janeiro, aumentaram 1,5% em relação ao mesmo mês de 2013, mas dependem cada vez mais das commodities. Produtos como minério de ferro, carnes bovina, suína e de frango e café em grão ajudaram a elevar a média diária de exportações de itens básicos de US$ 307,4 milhões, em janeiro de 2013, para US$ 369,3 milhões, nas primeiras semanas deste mês (+20,1%). Já as vendas de semimanufaturados caíram 20,2% e as de manufaturados declinaram 3,1%, para apenas US$ 255,6 milhões diários.
 
O País exportou menos polímeros plásticos, açúcar refinado, máquinas para terraplanagem, automóveis de passageiros, suco de laranja e laminados planos de ferro ou aço.
 
Já as importações aumentaram 30,1%, saindo da média diária de US$ 806,1 milhões, em 2013, para US$ 1,049 bilhão, neste ano. Comprar bens produzidos no exterior continua sendo mais barato do que adquirir bens feitos aqui, onde a indústria, onerada por tributos e deficiências de infraestrutura, pouco investiu e mal consegue elevar a produtividade.
 
O curto período de 17 dias deste mês não basta para fazer previsões confiáveis sobre o desempenho das exportações neste ano. Mas, ainda que o câmbio ajude os exportadores - o que não está predeterminado, dado o impacto negativo da valorização do dólar sobre a inflação -, eles enfrentam graves dificuldades. Departamentos econômicos como o do Bradesco estimam que o superávit comercial deste ano não passará dos US$ 6,9 bilhões, abaixo da média de mercado.
 
O mau começo de ano para as vendas externas deveria levar o governo a rever a política comercial, para desonerar a exportação. Desta depende a redução do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos de US$ 80,1 bilhões, em 2013, para algo como US$ 72 bilhões, em 2014.

22 de janeiro de 2014
Editorial O Estado de S.Paulo

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