"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de dezembro de 2013

DILMA "TRAMBIQUE" GASTA R$ 5 BILHÕES DO PAC PARA CHEGAR DE TRATOR À REELEIÇÃO

Dilma quer chegar de trator à reeleição.  Até o ano que vem, governo pretende contemplar 91% dos municípios brasileiros com retroescavadeiras, motoniveladoras e pás-carregadeiras.
Presidente tem feito as entregas pessoalmente

  
 
Dilma entregar motoniveladoras e retroescavadeiras para prefeitos de cidades do Rio Grande do Norte, em junho de 2013
AGRADO - Dilma entrega motoniveladoras e retroescavadeiras
para prefeitos de cidades do Rio Grande do Norte, em junho
(Roberto Stuckert Filho/PR)
 
 
Até 2014, o governo federal gastará 5 bilhões de reais para distribuir máquinas às prefeituras
 
 
O roteiro não varia muito: em menos de dez segundos, o prefeito se aproxima, cumprimenta Dilma Rousseff, recebe uma chave e posa para uma foto ao lado da presidente da República. Alguns puxam uma rápida conversa com a chefe do Executivo. E então o mestre de cerimônias chama o próximo da fila. A cena já se repetiu centenas de vezes desde que o governo federal começou a montar palanques para distribuir máquinas às pequenas cidades nos grotões do pais. São retroescavadeiras, motoniveladoras, pás-carregadeiras e outros equipamentos do tipo que, entregues a pequenos municípios, têm o potencial de criar uma dívida de gratidão dos prefeitos com a presidente, candidata à reeleição no ano que vem.


Os dois lados saem ganhando: para o chefe do Executivo municipal, a chegada de um equipamento novo é útil para melhorar as condições das rodoviais vicinais e conquistar o apoio de seus conterrâneos. Para a presidente, é uma garantia de proximidade com os líderes políticos de pequenas cidades, onde a influência do prefeito é significativa.


Nas cerimônias de entrega dos equipamentos, Dilma deixa claro que está fazendo uma espécie de favor aos prefeitos: "Essas estradas são verdadeiras veias de alimentação do organismo econômico. Por isso o governo federal resolveu fazer essas doações", disse ela, em outubro, em um ato no qual distribuiu máquinas de pavimentação a municípios do Paraná.


A ideia de criar uma rubrica dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a compra dessas máquinas foi anunciada por Dilma em 2012, durante a tradicional Marcha dos Prefeitos, mas as primeiras máquinas começaram a ser entregues apenas neste ano. Até o ano que vem, o governo deve gastar 5 bilhões de reais para distribuí-las às prefeituras. Até agora, foram entregues 8 949 equipamentos. Em 2014, o governo pretende ter contemplado 91% dos municípios brasileiros – mais de 5 000 cidades.


"Os prefeitos e os vereadores são, tradicionalmente, os grandes cabos eleitorais da política brasileira", diz a cientista político e professor da Universidade de Brasília Paulo Kramer.
 
As rodadas de distribuição de máquinas são uma ferramenta de Dilma para tentar disfarçar a falta de grandes realizações no interior do país. É verdade que o cenário nas pesquisas é favorável para Dilma – 41% de aprovação à gestão, segundo o instituto Datafolha. Mas, segundo aliados do governo, os números não são tranquilizadores: a avaliação é que Dilma, ao contrário do seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Lula, não detém carisma suficiente e enfrentará dificuldade na Região Nordeste se a candidatura presidencial da dupla Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva decolar.
 
Crítica - O senador de oposição Alvaro Dias (PSDB-PR) afirma que a entrega das máquinas não é invenção do atual governo. Mas, antes, nunca foi divulgada com tanta pirotecnia porque não se trata de um projeto dos mais grandiosos. "Eu, como governador, nunca ia pessoalmente entregar essas máquinas. Era um convênio que se fazia do estado com o Banco do Brasil e se entregava isso lá no município. O diretor do banco e o secretário de agricultura é quem iam. A presidente mostra que o governo não tem feito nada de espetacular para inaugurar", diz o tucano.


Os prefeitos dos pequenos municípios, que dispõem de pouca autonomia financeira e normalmente não poderiam pagar 600 000 reais por uma motoniveladora, agradecem – embora digam que o apoio eleitoral a Dilma não pode ser vinculado aos benefícios. "A gente fica grato ao governo federal, mas não tem compromisso nenhum", diz o tucano Edson Sima, prefeito de Taquarivaí (SP) – 5 000 habitantes e PIB de 82 500 reais –, que vai receber uma motoniveladora em 19 de dezembro. Ele diz não se incomodar com a possibilidade de tirar uma fotografia ao lado da presidente da República. "Fomos eleitos para trabalhar, independentemente de partido."


Na mesma cerimônia do dia 19 estará Araldo Todesco (PSB) – 8 000 habitantes e PIB de 67 800 reais –, que comanda a prefeitura de Tapiraí (SP). Ele também vai buscar uma motoniveladora para sua cidade. E diz que o benefício tem potencial para melhorar seu apoio popular: "Esse tipo de coisa sempre altera o panorama", afirma ele. Dividido entre o apoio à reeleição de Dilma e à possível candidatura de Eduardo Campos, o prefeito diz que vai esperar 2014 para tomar uma decisão mais clara.


O fato de o governo montar uma cerimônia a cada vez que vai entregar as máquinas às vezes atrapalha mais do que ajuda: além de onerar o governo federal com os altos custos da viagem da comitiva e da organização dos atos, o método obriga os prefeitos a providenciar o transporte das máquinas por centenas de quilômetros até suas cidades. Sima e Todesco, por exemplo, precisarão buscar suas motoniveladoras na pequena Campina do Monte Alegre (SP).

08 de dezembro de 2013
Gabriel Castro, Veja

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