"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O BRASIL DO LULOPETISMO MERGULHANDO NA ESCURIDÃO!



"POSTE MUNICIPAL INVENTADO POR LULA ILUMINA AINDA MENOS DO QUE O POSTE FEDERAL"
 
Escândalo em SP: Poste municipal inventado por Lula ilumina ainda menos do que o poste federal. Vai que é sua, Haddad!


Antônio Donato, o homem forte da gestão Haddad, está oficialmente fora da Prefeitura. É preciso ver se os petistas estão apenas desligando um fio que pode gerar um curto-circuito ou se veem ainda mais desastres pela frente. O clima, também entre os companheiros, é o pior possível.  Mais o tempo passa, mais o escândalo se aproxima da atual gestão. O caso de Donato é eloquente:

1: foi ele quem indicou Ronilson Rodrigues, considerado chefe do esquema, para a diretoria da SPTrans;
 
2: quando Ronilson soube que estava sendo investigado, procurou a ajuda de Donato;
 
 
3: em depoimento ao Ministério Público, auditora diz ter ouvido de membros da máfia que Donato recebera doação eleitoral da turma;

4: ex-mulher de um dos membros da máfia diz em telefonema ameaçador que Donato recebeu R$ 200 mil do grupo;

5: nesta terça, a Folha revelou que Eduardo Horle Barcellos, suspeito de operar para o esquema, trabalhou três meses com Donato, a pedido do secretário;

6: em outra gravação, revelada nesta sexta pelo Estadão, Ronilson fala aos comparsas que vai marcar uma conversa com Donato. Mas não só com ele…
 
Tudo pode se complicar

As coisas podem se complicar ainda mais. Reportagem do Estadão traz o conteúdo de uma conversa gravada pelo auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, que fez um acordo de delação premiada. Ele é o mais aflito e o mais nervoso da turma. Transcrevo trecho da reportagem (em vermelho):
 
Magalhães diz que foi alertado por Leonardo Leal Dias da Silva. Ex-diretor de Arrecadação e Cobrança da gestão Haddad, sobre a investigação. Ele afirma para Rodrigues: “O Leo falou pra mim, é o corregedor vai botar pra f….. Precisa de um bode expiatório”. Silva sabia da investigação porque respondeu a requerimentos do MPE feitos neste ano. Ao Estado, por e-mail, ele afirmou que não tinha informação sobre o esquema. Rodrigues confirma que fala diariamente com o atual subsecretário da Receita, Douglas Amato. “Vamos trazer o Leo e o Douglas aqui. E nós vamos para o (Antonio) Donato também”, afirma Rodrigues.
 
Retomo

Como se vê, os hierarcas da gestão Haddad são tratados com intimidade. Sobre quais temas o tal Magalhães conversa “diariamente” com Douglas Amato, ninguém menos do que subsecretário da Receita Municipal? Futebol?
 
A operação deflagrada por Haddad para tentar minimizar o mal-estar gerado pelo reajuste escorchante do IPTU é uma das mais desastradas da história do PT. ATENÇÃO! DESMANTELAR A QUADRILHA ERA UMA OBRIGAÇÃO LEGAL E MORAL, AINDA QUE FOSSE PARA ESPIRRAR EM ALGUNS HOMENS DA PRÓPRIA GESTÃO. Mas há modos e modos. Haddad preferiu sair por aí batendo no próprio peito, como um moralista empedernido, apontando o dedo acusador para terceiros — muito especialmente para a gestão que o antecedeu. E quem era o titular da outra? O agora aliado — do Planalto ao menos — Gilberto Kassab.
 
Kassab, como num jogo de truco, “chamou seis”, e Haddad teve de recuar. O PT a tanto o forçou porque quer o apoio de Kassab na disputa presidencial e conta com ele para dividir o eleitorado antipetista em São Paulo. Ele pode ser um fato decisivo para empurrar a disputa para um segundo turno. Assim, no que concerne à questão política, a operação foi desastrada.
 
Mas também está saindo tudo pelo avesso no que diz respeito à opinião pública. Os petistas tentaram inicialmente mirar em Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças. Até agora, não há evidência contra ele. Quem acabou caindo foi Donato, este sim, tudo indica, muito próximo da turma. E outros já começam a entrar na mira. De quebra, descobriu-se que um dos envolvidos na lambança é sócio da mulher de Jilmar Tatto, secretário dos Transportes, que, por sua vez, não anda se entendendo com Donato.
 
IPTU

E o IPTU mesmo? Haddad arca com o desgaste do reajuste aprovado, embora, para todos os efeitos, hoje, ela não tenha validade porque obstada pela Justiça. Descobriu-se que os fiscais podem ter fraudado também a arrecadação desse imposto. Se confirmada a suspeita, tanto pior para a cidade. O prefeito não esperou. Saiu proclamando por aí que o imposto ao qual ele quer aplicar um reajuste brutal era alvo da rapinagem da gangue. Ocorre que parte do escândalo já caiu sobre o colo da sua gestão. Ora, por que alguém vai se conformar com o assalto a seu bolso sabendo que, segundo o próprio prefeito, parte desse dinheiro vai parar na mão de ladrões.
 
Concluo

Haddad se lançou nessa para criar a versão municipal da “Dilma faxineira”. Fosse mais hábil, dado o tamanho da roubalheira, a coisa poderia ter dado certo. Ocorre que o poste municipal inventado por Lula ilumina muito menos do que o poste federal. E olhem que a luz que vem do Planalto  já é fraquinha, bruxuleante até…
 
Ai, ai… No domingo, em entrevista à Folha, Fernando Haddad dizia ter encontrado a Prefeitura numa situação de descalabro. Na segunda, no próprio jornal, Kassab tasca o descalabro na testa do próprio prefeito. Na terça, cai o homem forte da gestão. Quando eu apelidei o petista de “Supercoxinha”, com aquela sua mania “deixa comigo”,  houve quem achasse uma indelicadeza. Não! Era só uma síntese. Era uma análise política quase poética: um mínimo de palavras para um máximo de significação.
 
12 de novembro de 2013
Reinaldo Azevedo, VEJA

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